Em 02.05.2022
Considerado o Dia do Trabalhador por sua
luta por maiores direitos, o Primeiro de Maio é comemorado no mundo inteiro, tendo
surgido com a intensificação da revolução industrial, quando o trabalho nas
fábricas era realizado em condições precárias, pois o objetivo era maior
obtenção de lucros, sacrificando a vida dos que vendiam sua mão de obra, os
trabalhadores.
Naquela época, no século XIX, a jornada de
trabalho era de 12 a 16 horas, sendo comum que os trabalhadores fossem
colocados sob condições de trabalho degradantes, sem direito ao dia de
descanso. Em 1886 aconteceram grandes mobilizações em Chicago (EUA), quando houve
grande repressão, inclusive com a morte dos líderes do movimento
anarco-sindicalista, também conhecidos como Mártires de Chicago.
Chicago era a cidade mais industrializada
dos Estados Unidos e abrigava um grande contingente de imigrantes europeus,
familiarizados com as ideias anarquistas e socialistas.
A data Primeiro de Maio, no entanto, só se
tornou feriado em 1919, inicialmente na França, após a jornada de oito horas
diárias ter sido ratificada por lei, enquanto no Brasil o feriado passou a ser
considerado em 1924.
As manifestações de trabalhadores no
Brasil, segundo alguns historiadores, tiveram início na década de 1910,
culminando com uma grande greve em 1917.
No entanto, a luta dos trabalhadores foi utilizada pelo governo Vargas para implantar e ampliar o seu projeto ditatorial no chamado Estado Novo e, “nesse sentido, as manifestações do Primeiro de Maio eram utilizadas pelo governo como propaganda de suas “benesses” e como eventos para ressaltar os valores cívicos e o patriotismo”. (Mundo Educação)
A criação da CLT (Consolidação das Leis de
Trabalho) foi instituída através do Decreto-Lei nº 5.452, em 1º de Maio de
1943, na gestão de Getúlio Vargas.
O trabalho surgiu na pré-história, quando o
homem começou a desenvolver ferramentas de pedra e praticar a agricultura,
atingindo um estado avançado para sua sobrevivência, aprendendo a desenvolver
certas habilidades físicas e mentais, e ao mesmo tempo produzindo cultura
através dos costumes praticados no decorrer da vida.
O trabalho, fruto da necessidade humana
para suprir as suas necessidades, foi se transformando em instrumento utilizado
para a distinção entre os que sabiam produzir objetos e os que poderiam comprar
esses objetos, por outros concebidos e produzidos, no decorrer do processo de
acumulação de riquezas, nas várias fases da história da humanidade.
Durante muito tempo o trabalho ficou
restrito aos escravos ou aos camponeses que trocavam o seu trabalho pela
moradia ou alimentos.
Com o fim da Idade Média, a intensificação
do mercantilismo e a implantação da era industrial, muitos estudiosos
classificaram o trabalho como uma instância de “feroz exploração dos seres
humanos”, dadas as condições analisadas, sobretudo por Karl Marx, e
apresentadas ao mundo no formato de categorias analíticas históricas, como a
divisão do trabalho, a essência da força de trabalho considerada como mais
valia, as diferenças entre as formas apropriadas do capital… e outras.
Marx dizia que o trabalho se transformou em
mercadoria no sistema capitalista como outro objeto e “a força de trabalho, ao
ser negociada como mercadoria, promove a completa separação do trabalhador dos
meios de produção, alienando o homem de sua essência, que é o trabalho”. (Leal,
Priscila)
A revolução industrial fez surgir a classe
operária, transformando as relações sociais e criando uma liberdade econômica
ilimitada, com opressão dos mais fracos.
O fato é que com a intensificação do modo
de produção capitalista, o processo de globalização, o avanço das tecnologias e
das ciências, aconteceu a volatilidade do capital pelo mundo afora e também a
difusão do trabalho.
Os trabalhadores, aqueles que negociam a
sua força de trabalho pela sobrevivência, se tornaram enfraquecidos e
fragilizados.
Surgiram aqueles que nem têm condições de
ser trabalhadores, os desempregados, porque não adquiriram sequer a capacidade
de acessar o mercado de trabalho para vender a sua força, sua essência de vida.
Há muitos anos os trabalhadores não têm o
que comemorar neste dia, especialmente no Brasil, onde temos 14 milhões de
desempregados, mais de cem milhões em situação de pobreza e, destes, 19 milhões
vivendo em condições de pobreza extrema.
No entanto, seguimos a vida cheios de
esperança, lutando pela sobrevivência num mundo onde as mudanças são
aceleradas, tentando compreender os desgastes que acabam enfraquecendo os
processos democráticos, provocados justamente pela ganância e pelos poderes
autoritários.
Na pauta de garantia dos Direitos Humanos
permanece o direito ao trabalho em sua dimensão mais ampla, que inclui toda
relação provocada pelo ser humano em interação com a natureza para a satisfação
de suas necessidades básicas, incluindo a manutenção do equilíbrio no planeta
Terra.
*Mirtes Cordeiro é pedagoga.
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