O Estado de S. Paulo
As famílias que recebem o benefício são as maiores vítimas, em um mar de incertezas
Os marqueteiros da campanha do presidente
Jair Bolsonaro querem escalar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para
garantir em público o compromisso com a extensão do valor do Auxílio Brasil de
R$ 600 a partir de 2023.
A definição do momento certo e da forma
para fazer isso é tratada como segredo de Estado na campanha.
A elevação permanente do piso do benefício de R$ 400 para R$ 600 é hoje assunto classificado como altamente sensível nas eleições porque daqui a cinco dias o governo terá de carimbar o Auxílio de R$ 400 no projeto de Orçamento de 2023 a ser enviado ao Congresso.
O simples ato de envio da lei orçamentária
com R$ 400, no entanto, tem sustentado o discurso da campanha do PT de que
Bolsonaro, se eleito, não vai manter o adicional de R$ 200.
A área econômica diz que não pode enviar
com R$ 600 porque não há marco legal. Alegam que o TCU tem sido rígido em
relação ao que pode constar no projeto de Orçamento, depois do governo Dilma
Rousseff.
Guedes quer atrelar o financiamento do
Auxílio turbinado às receitas com a volta da tributação de lucros e dividendos
prevista em projeto de reforma do Imposto de Renda já aprovado na Câmara e em
tramitação no Senado.
Como mostrou o Estadão em julho, o
combinado é que o compromisso com os R$ 600 esteja numa mensagem presidencial
com o projeto. Na campanha, muitos não estão convencidos e cobram outro
jeitinho.
Uma das possibilidades é a fixação do
aumento da despesa do Auxílio Brasil condicionado à aprovação de PEC a ser
enviada.
Mas essa estratégia envolve muitos riscos.
Bolsonaro abriria um flanco antes das eleições. Indicaria que não vai renovar
os outros auxílios e ficaria exposto a emendas dos opositores no Congresso para
pressionar o governo.
A maior artilharia vem do novo aliado de
Lula, o deputado do Avante André Janones, que espalha a tática do medo de que
só com Lula o benefício continuará em R$ 600.
Estrategicamente, Lula e Janones em
aparição conjunta nas redes sociais chamam o Auxílio Brasil de auxílio
emergencial e reforçam a volta do Bolsa Família, programa criado pelo PT.
Só que o Auxílio Brasil não é emergencial
da pandemia. É para confundir. No contragolpe, espalham-se notícias falsas de
que, com Lula eleito, voltam o Bolsa Família e o benefício médio de R$ 190 que
vigorava na sua época.
Nesse jogo sujo, as famílias pobres e vulneráveis que recebem o benefício são as maiores vítimas, atiradas num mar de incertezas. Maldade eleitoral. •
Um comentário:
Se a garantia é Bolsonaro, NÃO HÁ GARANTIA!! Pois o genocida não tem palavra, e a mentira é sua religião e política!
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