terça-feira, 25 de outubro de 2022

Cristina Serra - Bolsonaro e a campanha do terror

Folha de S. Paulo

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade

A cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, entrou no mapa do terrorismo e da violência política. Um criminoso, com ordem de prisão expedida pela Justiça, resistiu e atirou contra agentes do Estado, ferindo dois deles.

É muito claro o roteiro da insanidade, traçado para desafiar as autoridades e inflamar extremistas. Enquanto Roberto Jefferson, o bandido, atiçava cães raivosos, montado sobre arsenal de guerra, o jornalista Rogério de Paula era agredido e hospitalizado.

Com o bandido decidido a se entregar, deu-se conversa amistosa entre ele e o policial encarregado de prendê-lo, quase a pedir desculpas pelo incômodo. O policial ainda fez pilhéria dos colegas feridos horas atrás pelo bandido. "São burocráticos, (...) não são operacionais", disse, entre sorrisos.

Apenas imagine como o policial agiria se tivesse que prender alguém na favela (seja ou não criminoso) e não na mansão de Levy Gasparian. No mesmo dia, no Rio Grande do Norte, um motociclista atacou a tiros manifestação de apoio a Lula com a presença da governadora Fátima Bezerra.

A violência como método é cenário anunciado há meses por Bolsonaro, o candidato com histórico terrorista. Nos anos 1980, respondeu a processo por planejar atentados a bomba em unidades militares como forma de pressão por aumento de salário.

Um recuo na linha do tempo posiciona Bolsonaro como herdeiro direto de uma facção terrorista nas Forças Armadas brasileiras. Um de seus expoentes foi um golpista celerado, o brigadeiro João Paulo Burnier, autor do plano de explodir o gasômetro e matar 100 mil pessoas no Rio de Janeiro, em 1968. Na mesma galeria de terroristas fardados, estão os envolvidos no atentado do Riocentro, em 1981.

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade e da truculência, o banho de sangue. A explosão de violência abre as portas para o imprevisível na última semana de campanha.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

"O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade"

Verdade. Nada tem a apresentar de bom, só brutalidade. Por isso, ainda q com apoio MACIÇO de Ypês e Havans ..., a extrema direita está perdendo.

Anônimo disse...

A quem possa interassar
https://www.nytimes.com/es/interactive/2022/10/25/espanol/brasil-elecciones-fraude-bolsonaro.html

Anônimo disse...

Sobre a violência cotidiana, ou a "banalização da brutalidade"
Há algumas semanas, agentes do Estado, membros da Polícia Rodoviária Federal, tirada das estradas para combater crimes urbanos pelo DESgoverno bolsonarista, prenderam um cidadão dentro do camburão e jogaram gás no interior, matando o "criminoso" depois de muitos minutos de sofrimento da vítima. O crime: dirigir moto sem capacete, o que o presidente faz diversas vezes por dia! Agentes da PRF ou qualquer agente de trânsito urbano vai em algum momento parar o GENOCIDA e multá-lo? Ou, então, colocá-lo num camburão e jogar gás para que o maldito GENOCIDA morra inalando gases venenosos?

ADEMAR AMANCIO disse...

Como se violência resolvesse alguma coisa,só agrava o quadro geral.