O Globo
A questão é o que ele vai fazer com ela
Lula já
viu isso. Celso Rocha de Barros conta no livro “PT, uma história” que, no
primeiro semestre de 1994, ele pediu ao presidente do partido, Rui Falcão, que
começasse a sondar nomes para seu governo. Pudera, em fevereiro tinha 30% das
intenções de voto, e Fernando Henrique Cardoso, com sua promessa de
estabilização da moeda, patinava em 7%. Falcão não gostou da ideia. Achava
prematura. Em julho, Lula caiu de 41% para 38%, e FH foi para 21%. Em outubro,
deu no que deu.
Sem levar em conta o debate do domingo, o ponteiro da pesquisa do Ipec não se mexeu. No debate, Lula entrou cavalgando o Bolsonaro da pandemia. Estonteou-o. Nos segmentos seguintes, Bolsonaro trouxe-o para a discussão das malfeitorias praticadas durante seus oito anos de governo.
Lula repetiu o mantra do comissariado: as
roubalheiras foram penalizadas pelos instrumentos que seu governo respeitou.
Quebraram empreiteiras, desempregando milhares de pessoas, e a Lava-Jato foi
uma operação enviesada. A presença do ex-juiz Sergio Moro na comitiva ilustrava
essa acusação. Até aí, cada um acha o que bem entende.
No entanto o Lula do debate mostrou que não
está convencido do que fala. Numa ocasião disse:
— Se houve corrupção na Petrobras.
Noutra, emendou:
— Pode ter havido.
Moro foi um juiz parcial, e muitos
procuradores agiram como dirigentes de grêmio estudantil, mas a roubalheira
estava lá.
O modelito das plataformas estava lá desde
o governo de Fernando Henrique Cardoso, e ele nomeou Philippe Reichstul para a
presidência da empresa para cuidar do caso. Em 2003, com a chegada do PT ao
governo, os cuidados acabaram.
As empreiteiras devolveram R$ 6,17 bilhões
como pessoas jurídicas, e os malfeitores devolveram mais de R$ 100 milhões como
pessoas físicas. Se houve corrupção na Petrobras? Pode ter havido?
Bolsonaro tem nos pés a bola de ferro das
centenas de milhares de mortos de um presidente que chamava de “maricas” quem
tinha medo da Covid-19 e queria se vacinar. Ele foi além, dizendo numa mensagem
de madrugada que não compraria a vacina chinesa. Orgulha-se de ter comprado o
fármaco, mas quem começou a vacinar foi o então governador paulista, João
Doria.
No debate do domingo, o capitão mostrou que
não tem uma resposta razoável para seu comportamento. Nem Lula para as
roubalheiras da Petrobras.
Pouco habituado a debates com adversários,
Lula desorientou-se no último bloco do debate, quando Bolsonaro trouxe a
Petrobras para a roda. Lula não prestou atenção ao cronômetro. Ambos tinham 15
minutos de crédito. A certa altura o capitão tinha cerca de seis minutos, e
Lula pouco mais de um minuto. Gastou-o dizendo que em janeiro o capitão iria
para casa. Deixou Bolsonaro com cinco minutos e 42 segundos.
Na lógica do futebol, deixou o adversário
com o domínio da bola na pequena área. Para seu alívio, Bolsonaro chutou na
trave vestindo a camisa da campanha de 2018.
Para quem ainda não decidiu seu voto, um
não explicou sua conduta na pandemia, e o outro diz que “pode ter havido”
corrupção na Petrobras.
Falta a ambos a sabedoria de Juscelino
Kubitschek:
— Não tenho compromisso com o erro.
Isso precisa ser repetido porque eles querem governar o Brasil nos próximos quatro anos.
9 comentários:
Perfeito !
Quem é o menos pior? Um sujeito que roubou ou no mínimo deixou roubar OU um mentiroso genocida e talvez pedófilo?
Nenhum dois por vc citados. O melhor é o genocida pedófilo q deixa roubar e rouba há 30 anos: o bolsonaro.
"Bolsonaro tem nos pés a bola de ferro das centenas de milhares de mortos"
Por isso o matador da República é conhecido merecidamente como GENOCIDA.
Puxa, Gaspari. Não há comparação. Vc nunca se deixou levar pelas lorotas do genocida. Não caia nisso na reta final. Deixe-me lembrá-lo da:
"fabulosa história de um velho de 67 que teve atração por crianças de 14 anos, fez chacota dos que morreram, fez sexo com animais, q quis experimentar carne humana e é defendido como guardião dos valores cristãos pelo gado"
Faça como a Tebet: tenha lado pois não há assimetria.
Qd um articulista baseia seu artigo num equilíbrio inexistente entre oponentes, numa assimetria falsa, isso deixa de ser jornalismo.
Os dois candidatos estão contando com a ajuda do Putinho, tal qual este ajudou o Trump. Daí a neutralidade de ambos quanto as imoralidades praticadas por ele na Ucrânia. E se acontecer um empate nessa eleição? Alguém está levando isso em consideração? Tudo pode acontecer, inclusive nada.
O pedófilo do Planalto revelou mais um pouco da sua infinita crueldade!
Concordo com o anônimo,não há simetria,uma pessoa que idolatra torturador e detesta homossexuais precisa de oração e não de votos.
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