O Globo
Investigação da PF lista empresas suspeitas
de bancar atos contra resultado das urnas
Quando os bolsonaristas começaram a fechar
rodovias, o procurador Mário Sarrubbo avisou que havia uma organização
criminosa por trás dos protestos contra o resultado das urnas. Investigações da
Polícia Federal mostram que o chefe do Ministério Público paulista tinha razão.
Em ofício enviado ao Supremo, a PF
identificou dezenas de suspeitos de financiar os atos golpistas. Com base no
relatório, o ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear as contas bancárias
de 43 pessoas físicas e jurídicas.
A lista é dominada por empresários e empresas agrícolas e de transporte de cargas. Uma delas tem nome sugestivo: Berrante de Ouro Transportes Ltda. Sua sede fica em Sorriso (MT), que reivindica o título de capital nacional do agronegócio.
Jair Bolsonaro se aliou aos setores mais
atrasados do ruralismo, que se recusam a adotar práticas sustentáveis e
respeitar a legislação ambiental. Em sintonia com a turma, desmantelou o Ibama,
cancelou multas e encarregou um ministro de “passar a boiada”.
A derrota do capitão criou um problema para
esses empresários. Em vez de modernizar seus negócios, eles querem empastelar a
democracia e impedir a posse do presidente eleito.
O dinheiro do agrogolpismo abastece as
vivandeiras de quartel. Em Brasília, elas acampam diante do QG do Exército,
conhecido como Forte Apache. No Rio, aboletam-se em frente ao Palácio Duque de
Caxias, antiga sede do Ministério do Guerra. As aglomerações se arrastam há
três semanas sem que os militares se mexam para dispersá-las.
Na terça-feira, o general Villas Bôas
criticou a imprensa e saiu em defesa dos radicais. Classificou-os como pessoas
“identificadas com o verde e amarelo” que estariam preocupadas com “ameaças à
liberdade”. De ameaças o general entende bem. Em 2018, ele pressionou o Supremo a manter o candidato do PT na cadeia,
facilitando a vitória da extrema direita.
As cenas de bolsonaristas em transe,
escalando caminhões ou cantando o Hino Nacional para um pneu, podem passar a
ideia de que os atos golpistas são inofensivos. É um erro encará-los assim.
Desrespeitar o resultado das urnas e pregar o rompimento da ordem
constitucional é crime, lembra o ministro Moraes. As instituições precisam se
defender de quem quer destruí-las.
2 comentários:
O agrogolpismo cresce com a omissão dos militares. As instituições precisam se defender dos milicianos bolsonaristas que querem destruí-las!
Pois é,precisam agir.
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