terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Míriam Leitão - BNDES: André Lara e outros nomes fortes

O Globo

BNDES terá André Lara Resende, Carlos Nobre e Izabella Teixeira no conselho. Mercadante quer que o banco se financie sem aportes do Tesouro

O economista André Lara Resende, o climatologista Carlos Nobre, a ex-ministra Izabella Teixeira vão compor o conselho de administração do BNDES. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, está fechando a composição do conselho e da diretoria com nomes que apontam para o combate à mudança climática, a inovação e uma maior experiência de mercado. Na diretoria, haverá duas mulheres que estão hoje em grandes bancos internacionais. Para o compliance, Mercadante chamou Luiz Navarro, especialista em combate à corrupção. Dois ex-ministros estarão lá também, Tereza Campello, uma das maiores especialistas do Brasil em política social, e Nelson Barbosa.

— Quero que o banco tenha ousadia na área ambiental, atue nas transições energética e ecológica, com a ideia de inovação na reindustrialização. Todo o esforço é criar condições de funding sem pressionar o Tesouro, por isso estou trabalhando outras opções de financiamento — me disse Aloizio Mercadante.

O novo secretário da Receita Federal, Robinson Sakyama Barreirinha, também estará no conselho. Serão mantidos tanto o atual presidente, Walter Baère de Araújo, quanto o representante dos trabalhadores, Arthur Koblitz. Outro a compor o grupo é o economista Rafael Luchesi, especialista em inovação, diretor de educação e tecnologia da CNI e um dos organizadores da Embrapii:

— Carlos Nobre é um dos maiores cientistas do país, com forte projeção internacional. André Lara Resende é macroeconomista renomado que tem uma pauta atualizada com o que há de mais novo no mundo, Izabella é consultora da ONU, Luchesi é referência em inovação, esse é do perfil do conselho que estou montando e que dialoga muito com a diretoria.

Na diretoria estarão Natália Dias, que teve atuação em bancos de investimento tanto no Brasil quanto no exterior. É CEO do Standard Bank Brasil. Já foi do Morgan Chase, Bank of America, ING Bank. Luciana Costa também vem de experiências em instituições privadas. É presidente no Brasil do banco francês de investimentos Natixis. Antes, trabalhou no Citi, no ABN Amro. Para o compliance do banco vai Luis Navarro, consultor do Senado, que trabalhou muitos anos na CGU. É um dos formuladores da lei anticorrupção e é membro da Academia Internacional Anticorrupção.

Completam o quadro, Alexandre de Abreu, que ficou 30 anos no Banco do Brasil, depois atuou no Original e foi dos conselhos do Votorantim, Cielo e Febraban. José Luiz Gordon é o atual presidente da Embrapii. Jean Uema, servidor do STF, e desde 2016 é da consultoria jurídica do PT. E uma funcionária de carreira do banco na área de recursos humanos e TI.

Durante os governos petistas, a administração do banco foi criticada pelos aportes excessivos do Tesouro, por empréstimos considerados favorecimento para grupos de empresas dentro da política que ficou conhecida como a de campeões nacionais. A conversa atual de Mercadante não lembra aquele passado e indica uma evolução em uma direção realmente importante que é o combate às mudanças climáticas.

— Temos que avançar no mercado de crédito de carbono porque há muitos recursos na União Europeia para terceiros países. Ontem mesmo estive com o presidente da Alemanha e a ministra do Meio Ambiente. Já foi feita nova liberação para o Fundo Amazônia. Há muito interesse deles em uma agricultura de baixo carbono. Estive com a ministra do Meio Ambiente do Reino Unido. E tive uma reunião específica com a delegação chinesa. A China tinha um projeto de US$ 10 bi que estava encaminhado com o BNDES e que eles pararam — disse Mercadante ontem entre uma posse e outra e muitas reuniões, nesses dias frenéticos de Brasília.

Ele acha que os contatos vão permitir um novo funding do banco, que no passado dependeu basicamente do Tesouro. A transferência de recursos do Tesouro ao banco foi sendo devolvida nos governos seguintes:

— O BNDES já transferiu R$ 385 bilhões para o Tesouro e falta uma tranch de R$ 23 bilhões. Aí vamos ter uma relação de estabilidade e de equilíbrio entre o banco e o Tesouro.

Ao montar a composição da diretoria e do conselho, Mercadante disse que se preocupou com o equilíbrio de gênero, mas admite que na representação racial há muito a fazer, e não apenas na direção:

— Há apenas 2,5% de negros entre os funcionários e as funcionárias do banco. Quero avançar muito nessa agenda, com inclusive um concurso de trainee para negros.

Por fim, Mercadante promete se mudar de “mala e cuia” para o Rio.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo parece lógico, sensato... Especialmente a maior preocupação com a área ambiental. Vamos ver se vai funcionar melhor que nos governos petistas anteriores!

ADEMAR AMANCIO disse...

Na torcida.