O Brasil sai de 2023 com algumas boas notícias. A inflação declinou. Os juros caíram. A balança comercial voltou a bater recorde. O mercado de trabalho está aquecido e o desemprego relativamente baixo. A economia cresceu bem acima dos 0,8% projetados por especialistas e pelo mercado, surpreendendo com um incremento no PIB de 3,0%. A rede de proteção social foi reforçada com a volta da política de valorização do salário mínimo, que repercute no piso do INSS e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que assiste aos idosos e às pessoas com deficiência sem cobertura previdenciária. O Bolsa Família foi reforçado. A temperatura da polarização política cedeu alguns graus.
O ano de 2023 foi de transição governamental.
Os assuntos relativos à política fiscal e ao orçamento público, “Calcanhar de
Aquiles” da economia brasileira, dominaram a cena. Foi aprovada uma nova regra
fiscal que substituiu o chamado teto de gastos, com foco maior no aumento de
receitas. Daí decorreu um pacote de iniciativas para o aumento da arrecadação
com mudanças na tributação sobre fundos exclusivos e no exterior, sobre apostas
esportivas, sobre as subvenções econômicas, alterações no funcionamento do CARF
– tribunal administrativo na órbita da Receita Federal, e, a revisão do
instituto do Juros sobre Capital Próprio (JCP). E a melhor notícia, a aprovação
final da tão sonhada Reforma Tributária, que apesar de ter aberto um número
excessivo de exceções, alíquotas e regimes especiais, será um grande avanço na
transparência, no fim da cumulatividade, no fim da guerra fiscal com a
tributação no destino e não na origem, com a diminuição do grau de litigância
judicial e com o estabelecimento de regras nacionais regulando o IVA dual
brasileiro. A economia ganhará em produtividade e eficiência a médio prazo.
Como a realidade brasileira assemelha-se a um
copo meio cheio, meio vazio, alguns indicadores sociais continuam desafiadores.
O pior de todos e mais decisivo é o desempenho das crianças e dos jovens no
aprendizado escolar. O Brasil, na última avaliação internacional, continuou a
frequentar o clube dos piores desempenhos.
Para o ano de 2024, é prevista uma redução no
ritmo da economia, sendo projetado um aumento de cerca de 1,2% no nosso PIB. A
inflação deve continuar a ceder, permitindo que o Banco Central continue a
baixar os juros. As exportações de commodities continuarão a alavancar nosso
desenvolvimento. O grande desafio será mais ousadia, criatividade e eficiência
nas políticas sociais de educação, saúde e desenvolvimento social. E que o novo
marco regulatório do saneamento comece a resgatar a dívida histórica que temos
com a população.
Teremos eleições municipais, importante
momento de reflexão e decisão sobre as cidades, as políticas públicas e sua
repercussão no dia a dia da população.
Que venha 2024! Vamos fazer valer a
pena!
*Economista e Professor. Ex-Deputado Federal pelo PSDB-MG. Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (2003-2010). Diretor-Executivo do IFI – Instituição Fiscal Independente do Senado.
2 comentários:
E que venha...
Um bom resumo!
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