O Globo
Números de 2023 foram melhores do que os
previstos e ainda tiveram outras surpresas positivas
O que marca 2023 é o fracasso das projeções
econômicas. Até economistas do mercado financeiro estão olhando com
desconfiança para os próprios modelos. O ano terminou com números muito
melhores do que os previstos. Houve também erro na sequência de eventos
projetados para a economia.
Comparando-se os dados das duas pontas, o
país iria crescer pouco mais de 0,5%, e cresceu 3%, iria ter uma inflação de
6% e ela termina em torno de 4%. Não cumpriria a meta e ela foi cumprida. Houve
um momento do ano em que os analistas diziam que só haveria queda da inflação
de serviços se houvesse forte aumento do desemprego. A inflação de serviços
caiu com aumento do emprego.
O que mais cresceu no Caged foram vagas formais no setor de serviços e a Pnad Contínua mostrou que o desemprego até novembro foi o menor para o período desde 2014, com mais de cem milhões de brasileiros empregados, um recorde.
No começo do ano já se sabia que o país teria
uma supersafra, portanto era possível prever um crescimento maior do que a
mediana do Focus, de 0,7%. É verdade que o crescimento de 2023 foi concentrado
no setor do agronegócio e ficou restrito aos primeiros dois trimestres. O fim
do ano foi de economia estagnada. Mesmo assim, crescer 3% com juros altos não é
um desempenho trivial.
Uma das surpresas de 2023 foi o saldo
comercial que pulou de US$ 62 bilhões para perto de US$ 100 bilhões, injetando
dólares na economia, o que foi importante para manter o câmbio estável, mesmo
no período em que a entrada de capital estrangeiro era fraca. O real teve
valorização durante o ano, derrotando também as projeções do mercado financeiro
e ajudando a inflação no seu processo de convergência para a meta.
Dois personagens são centrais para o sucesso
da economia em 2023. O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto. Haddad contrariou as apostas iniciais de que o governo
Lula seria de descontrole fiscal.
Prometeu em suas primeiras entrevistas,
inclusive em uma que me concedeu, que o déficit não seria o projetado de R$ 230
bilhões, ou 2,3% do PIB e que suas
prioridades seriam a aprovação de um arcabouço fiscal e da Reforma
Tributária. Terminou o ano com um déficit mais alto do que gostaria,
mas em um ponto percentual do PIB abaixo do previsto, ou seja, 1,3%. E aprovou
no Congresso tanto o arcabouço, quanto a Reforma Tributária, o que parecia
improvável.
Campos Neto foi criticado por manter os juros
altos demais por muito tempo. As indicações da desinflação já estavam dadas, e
o Copom mantinha os juros inalterados. Mas o fato incontestável é que Campos
Neto não terá que escrever a carta explicando o descumprimento da meta, como
teve que fazer nos últimos dois anos. A meta está cumprida.
Além disso, ele atravessou com sucesso o
teste de estresse do Banco Central autônomo, que foi a mudança de governo. Na
entrevista que me concedeu, definiu como “tempo de aprendizado” o período em
que esteve sob ataque direto do novo governo.
Nada foi fácil para o ministro Fernando
Haddad, mas ele terminou o ano com uma coleção notável de sucessos. Venceu as
batalhas internas do governo e do partido e as que travou no Congresso.
Contudo, no pacote do dia 28 de dezembro, pode ter
contratado um fracasso. A MP misturou três assuntos, um deles bem
tóxico, e foi divulgada em momento impróprio.
Haddad tem razão em combater as perdas de
arrecadação, e tem sido resiliente no enfrentamento de interesses localizados.
Mas o fato é que o governo perdeu completamente a batalha na desoneração dos 17
setores. O Congresso aprovou, o governo vetou, o Congresso derrubou o veto com
uma larga margem de votos. Baixar uma MP dizendo o contrário do que decidiu o
Congresso no mesmo dia da promulgação da desoneração deixou-o isolado
politicamente.
Para além da economia, o governo também teve
vitórias. O país que era pária voltou ao mundo. E se sentou, entre outras
mesas, naquela que conduz as negociações globais do clima. Chegou com dados
positivos para mostrar, de queda do desmatamento na Amazônia.
Em outras áreas, o Brasil se reconectou com
princípios civilizatórios como defesa da vacina,
combate ao armamentismo, combate ao garimpo ilegal e, o mais importante, defesa
da democracia atacada no 8 de janeiro. Muita promessa não foi cumprida, mas o
balanço geral do ano é positivo. Feliz Ano Novo.
3 comentários:
Feliz ano novo.
■■■Obrigado, por mim e por todos!
■Há pouco tempo fiz um amigo no Rio de Janeiro, Ramon, que é mágico e trabalha se apresentando em festas infantis e em eventos diversos. Ramon me desejou boas mágicas em 2024.
=Desejo para você a mesma coisa que Ramon me desejou::
,=》Boas mágicas para você em 2024, Amâncio!
Edson Luiz,Obrigado,desejo a você a mesma coisa.
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