Folha de S. Paulo
Ex-presidente posa como vítima de perseguição
e insinua vingança como plataforma para um segundo governo
Donald Trump apareceu
em dois tribunais na última semana. Na terça (9), o ex-presidente acompanhou
advogados que argumentavam que ele deveria ter imunidade no caso em que é
acusado de conspiração
para reverter a eleição de 2020. Dois dias depois, participou da
última audiência de uma ação por
fraude fiscal.
O republicano não era obrigado a comparecer a nenhuma das duas sessões. Trump escolheu estar lá porque transformou os processos em espetáculos centrais de sua campanha para voltar à Casa Branca.
Em 2024, o ex-presidente tenta anabolizar o
personagem forjado há quase dez
anos, quando se lançou na política como um forasteiro que
representava uma ameaça às elites do país. Num terreno fértil para teorias
conspiratórias, Trump tenta agitar o eleitorado com a ideia de que é perseguido
por inimigos poderosos, que querem tirá-lo do jogo.
Uma das expressões mais usadas pelo
republicano nesta etapa da campanha é "caça às
bruxas". Nos últimos dias, ele afirmou que estava sendo
processado por razões políticas, bateu boca com um juiz e disse que a condução
de uma das ações era como uma "interferência eleitoral".
Trump não disfarça a intenção de aproveitar a
eleição para buscar, pelo voto, uma espécie de anistia popular por seus crimes.
No ano passado, o ex-presidente insinuou que sua vitória nas urnas seria como
uma vingança para milhões de eleitores.
Além de incendiar apoiadores radicais, Trump
fornece a outros eleitores republicanos um discurso para manter fidelidade ao
partido. Mas os efeitos devem ir além da campanha caso ele vença a disputa.
Trump explora uma ideia de revanche como
plataforma para um segundo governo. Ele já disse que pretende ordenar a
abertura de investigações contra Joe Biden,
punir veículos de imprensa que o criticam, usar militares para reprimir
protestos e iniciar um expurgo no serviço público contra o que ele chama de
"deep state". Sem esconder os planos de retaliação, o ex-presidente
espera uma carta branca de seus eleitores.
Um comentário:
Tomara que não ganhe.
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