segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Denis Lerrer Rosenfield* - O antissemita

O Estado de S. Paulo

Deveria causar repulsa a retomada do antissemitismo pelo PT, seja de uma forma escancarada, como a de Genoino, seja a disfarçada, de Lula

Ser antissemita tornou-se fashion no campo da esquerda. Os grupos identitários esmeram-se em um racismo invertido, denominado de racialismo, vindo a identificar os judeus ao branco opressor. Como em todo campo de pobreza intelectual, os opositores dos judeus, no caso, os palestinos, seriam então os oprimidos. O Hamas, nessa simples polarização, seria então nada mais do que o representante dos oprimidos, quando, na verdade, é o seu próprio senhor. Não há pior inimigo dos palestinos do que esses terroristas.

São, na verdade, genocidas, voltados para a extinção do Estado de Israel, em sua própria carta de fundação apregoando o antissemitismo mais explícito, utilizando-se de um panfleto antissemita, produzido pela polícia tzarista, para produzir mais essa aberração intelectual. É um longo caminho do universalismo de Marx, Lenin e Trotsky aos preconceitos dos antissemitas e aos legitimadores do terrorismo islâmico.

Deveria causar repulsa a retomada do antissemitismo pelo PT, seja de uma forma escancarada, como a de José Genoino, seja a disfarçada, de Lula da Silva. Um apregoando o boicote às “empresas de judeus” (algo feito por Hitler nas Leis de Nuremberg de 1935) em seu apoio ao Hamas; o outro procurando florear seus preconceitos em nome de “direitos humanos” ao considerar “genocídio” a defesa dos israelenses em resposta ao massacre (pogrom) do 7 de outubro. Até para condenar o Hamas a sua língua empaca, mas se torna loquaz na condenação de Israel.

O caso de Genoino é particularmente interessante. No século passado, agora longínquo, escreveu um belo livro sobre as relações entre o socialismo, a liberdade e a democracia, procurando conciliálos em uma perspectiva eurocomunista. Era uma retomada dessa doutrina italiana em sua crítica à experiência comunista, stalinista. No Brasil, seus representantes eram Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder.

José Genoino seguia o caminho de uma esquerda democrática, o de repensar a democracia e a liberdade enquanto valores universais, para chafurdar, agora, na lama antissemita. Infelizmente, parece não ser apenas um caso individual, porém uma tendência recente da esquerda mundial. Curiosamente, o PT, após várias declarações antissemitas, ainda que sob o disfarce bastardo do antissionismo, de alguns de seus dirigentes, deixou o ex-presidente do partido ao léu. Foi literalmente abandonado, por razões estritamente eleitorais: a péssima repercussão pública do antissemitismo declarado. Só o disfarçado é permitido.

Lula, por sua vez, adotou a máscara de um suposto “humanismo”, que se aplica a todos, salvo evidentemente aos judeus e aos adversários da esquerda. Mulheres judias foram estupradas pelo Hamas, no que configura crime de guerra, quando o silêncio se abateu sobre as feministas e os petistas. Em sua estratégia de guerra, o Hamas infiltrouse na sociedade palestina, tornando os seus membros indistinguíveis dos civis. Apoderaram-se de hospitais, mesquitas e escolas da ONU para perpetrarem atos de terror. Homens, mulheres e crianças tornaram-se escudos humanos em um outro flagrante crime de guerra. Agora, se Israel exerce um ato militar de autodefesa, Lula e sua equipe de política externa apressam-se a caracterizá-lo como “terrorismo” ou “genocídio”. A ideologia esquerdizante produz a cegueira, a ponto de poder-se colocar a seguinte questão: há intelectuais petistas? De duas, uma: ou a pessoa é petista e não pensa ou pensa e não é petista.

Observe-se que o ministro das Relações Exteriores e os dirigentes petistas assumiram o papel de porta-vozes do Hamas. Não cansam de repetir as cifras de mortes dos palestinos, sem que possam minimamente ser verificadas. Citam mais de 20 mil mortos, como se lá só civis morressem. Não há combatentes mortos? Terroristas se volatizam nos números? Israel estima em mais de 9 mil mortos entre os militantes do Hamas. E os foguetes do Hamas e da Jihad Islâmica

que atingem hospitais palestinos? São computados como atos do Exército de Israel? Por que, haver-se-ia de perguntar, aceitar as cifras de Israel e não as do Hamas? Por uma razão bem simples: um é um Estado totalitário, sem nenhuma liberdade de expressão, de crítica e de averiguação; o outro, um Estado democrático, onde tudo pode ser criticado. Em Gaza, não há contestação possível; em Israel, as ruas se enchem de contestatários ao governo de Benjamin Netanyahu.

Por último, utilizar o truque da África do Sul para justificar qualquer decisão tomada por esse país é mais uma pérola identitária, como se a cor da pele fosse um critério decisivo. Ainda recentemente, esse país recebeu um dos “senhores da guerra” do Sudão com tapete vermelho. Também terminou por apoiar o massacre de Darfur, por muitos considerado como “genocídio”. Ainda no tempo de Nelson Mandela, estreitos eram seus laços com Muammar Kadafi e Yasser Arafat.

Dois pesos e duas medidas não é um bom critério de política externa, salvo se ela for doravante seguir o caminho da ideologia identitária e esquerdista em geral.

*Professor de Filosofia na Ufrgs.

 

4 comentários:

Neves disse...

Ou então...
https://salemhnasser.substack.com/p/genocidio-e-antissemitismo?utm_source=substack&publication_id=1597859&post_id=141051821&utm_medium=email&utm_content=share&utm_campaign=email-share&triggerShare=true&isFreemail=true&r=1le07v

Neves disse...

Acrescentado:
https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/os-quatro-cavaleiros-da-iii-guerra/

https://ujfp.org/ils-nassassinent-pas-seulement-les-palestinien-nes-ils-tuent-aussi-le-judaisme/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=le-newslettertotal-communique-de-lujfp-14297

Daniel disse...

O filósofo bolsonarista volta a divulgar suas mentiras e demonstrar que não tem qualquer compromisso com a (ou apreço pela) VERDADE! Aproveito para reproduzir abaixo uma parte da sugestão do primeiro comentarista, que divulgou um texto sobre o MESMO TEMA abordado aqui pelo pseudofilósofo, mas com uma argumentação totalmente contrária e muito mais correta.

"Não só se diz lutar contra o antissemitismo ao mesmo tempo em que se defende o genocídio dos palestinos, mas se faz uso da acusação de antissemitismo contra aqueles que denunciam o genocídio, para fazer a defesa deste ainda mais perfeita.

Os atos de genocídio e outros crimes sendo cometidos contra os palestinos por Israel não ajudam na luta contra o antissemitismo.

A perseguição dos que fazem a crítica a Israel, brandindo contra todos a acusação de antissemitismo, não ajuda na luta contra o antissemitismo."

FONTE: https://salemhnasser.substack.com/p/genocidio-e-antissemitismo?

Anônimo disse...

■■■Há fatos que levantam boas possibilidades de ter havido erros de comandantes israelenses no combate aos terroristas do Hamas.
■Se eventualmente isso se confirmar em investigações serias, espera-se que a punição seja proporcional ao erro.

[E os cabeças ocas doutrinados precisam se descontaminar do ideologismo doutrinal e entender que usar termos como "eventual" nesse caso não é uma dubiedade. "Eventual" é usado por se tratar de uma POSSIBILIDADE, e não de uma certeza:: como ter certeza de algo ainda em investigação e a continuar a ser investigado?].

■Mas é preciso compreensão e equilíbrio, coisa que gente doutrinada não tem, para considerar as condições desse combate, por os terroristas do Hamas (e os que apoiam o terrorismo do Hamas) serem covardes e, após praticarem suas crueldades, se misturarem aos civis e, disfarçados de civis, se esconderem em quilômetros de túneis com fortalezas contendo arsenais que, cruel e perigosamente, os terroristas localizaram embaixo de creches, escolas, mesquitas e hospitais.

■■Estudos mostram que, comparados a combates em mesmas condições:: área urbana enormemente adensada, está havendo em Gaza um número de vítimas de 8 a 12 vezes menor que o previsto:: Palmas para Israel e seus soldados!

■■■Os terroristas transportam em caminhões da ONU o arsenal que lhes chega das ditaduras e, agora está esfregado nas caras, os palestinos funcionários da ONU, na verdade, são funcionários do Hamas --São Terroristas
e usam a ajuda humanitária, que é dinheiro fornecido pelas democracias, para fazerem terrorismo contra Israel e para dominarem o povo palestino, submetendo-o, como submetem o povo do Irã, da Venezuela, da Rússia, da China...

■■■Eram os funcionários palestinos das agências humanitárias que gritavam números de vítimas para escandalizarem.
E todos sabiam que quando falavam:: "Milhares de mortos!"; "Milhares de Crianças!"; "Milhares de Velhos!"...eram os terroristas gritando e seus apoiadores ditadores e populistas pelo mundo, os de ultra-direita e os de ultra-esquerda, mandando seus militarntes doutrinados repetirem esses números como verdades.

Será completamente ridículo agora continuarem repetindo junto com os ditadores que o PT apoia::: "Genocídioooo!" e não fazer uma autocrítica.

Não há -pelo menos eu não vejo- mal algum em ter ideias extremistas:: a democracia existe para conviver com estas expressões reais e legítimas de ideias, quando coerentes. O que eu lastimo são as práticas fundamentalistas, doutrinárias e ideologizantes, que mostram sempre desequilíbrio e má formação teórica provocada por limitação ideológica. Essa doutrinação chega a levar os doutrinados à alteração até do sentido da língua e das palavras.

■Está mostrado agora que antes de serem funcionários das agências da ONU estes covarde eram terroristas.
■Eu desejaria muito que gente covarde contra a democracia que ficou repetindo o que as máquinas das ditaduras, dos terroristas e de populistas lhes mandou repetir, gritando...
.........12.0000 mil assassinados!
.....400 mil crianças mortas!
.........90% mulheres (só de ver é um número absurdo:: mas "militante" não tem antena para mentira nem tem senso de ridículo); "150 mil mortos !"... eu espero que agora tenham a honestidade de dizer junto com os democrata:: "Os dados não sabemos. Há indícios importantes de excessos. Eventualmente se comprovados, exigirá punição".