O Globo
Na mira da Justiça Eleitoral, governador critica acusador para não discutir a acusação
Um fantasma ronda o governador do Rio: o
fantasma da cassação. Cláudio Castro era vice de Wilson Witzel, deposto pela
Assembleia Legislativa. Agora arrisca perder o mandato na Justiça Eleitoral.
No início da semana, o Ministério Público
pediu a anulação do diploma do governador. Ele é acusado de cometer abuso de
poder político e econômico na campanha de 2022.
O processo trata do escândalo da folhas secretas do Ceperj e da Uerj. Em ano eleitoral, o estado usou a fundação e a universidade para fazer mais de 20 mil contratações sem concurso e sem transparência. Ao revelar o caso, o portal UOL identificou beneficiados que admitiram ser funcionários fantasmas. Recebiam dos cofres públicos sem trabalhar.
O MP rastreou mais de R$ 220 milhões em
pagamentos em espécie, sacados na boca do caixa. A suspeita é de que o dinheiro
tenha servido para recrutar cabos eleitorais e irrigar um esquema de caixa
dois.
Ao pedir a cassação de Castro e do vice,
Thiago Pampolha, a Procuradoria afirmou que a estrutura do governo foi “tomada
de assalto” para facilitar a reeleição.
“Não se mais discute aqui o fato de que a
máquina pública foi manejada em ano eleitoral, com evidente desvio de
finalidade”, escreveu o MP. “Nenhum outro candidato teria condições de se valer
de nada minimamente parecido para fazer frente à investida ilícita do poder
governamental da vez. Foi um jogo desleal e desigual”, acrescentou.
As procuradoras Neide Cardoso de Oliveira e
Silvana Batini lembraram que o estado passa por “grave crise financeira”,
admitida por Castro. A penúria não impediu o derrame de verba pública às
vésperas da eleição.
Em outra frente, o bolsonarista é investigado
por suspeita de receber propina quando exercia os cargos de vereador e
vice-governador. No fim de 2023, o Superior Tribunal de Justiça autorizou a PF
a fazer buscas na casa de seu irmão de criação, Vinícius Sarciá.
Nesta quinta, Castro disse que “confia
demais” na Justiça e criticou o ex-rival Marcelo Freixo. “Isso é choro de
perdedor”, desdenhou. Investigações são abertas a pedido de adversários, não de
aliados. Ao atacar o acusador, o governador evita discutir o mérito da
acusação.
Um comentário:
Vai mal.
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