O Globo
Tarcísio e Centrão querem melar julgamento no
STF para livrar ex-presidente da cadeia
No início do julgamento de Jair Bolsonaro, o
ministro Alexandre de Moraes lembrou que anistiar golpistas não costuma ser boa
ideia. Os inimigos da democracia barganham o perdão, voltar a conspirar e
esperam a chance de atacar novamente.
“A história nos ensina que a impunidade, a
omissão e a covardia não são opções para a pacificação”, disse Moraes. “A
pacificação do país depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e
do fortalecimento das instituições”, acrescentou.
O Brasil tem uma longa lista de golpes e quarteladas. Quando dão certo, os vitoriosos repartem os cargos se proclamam revolucionários. Quando fracassam, os derrotados negociam um acordão e voltam para casa sem ser incomodados.
Juscelino Kubitschek perdoou os militares que
sequestraram um avião da FAB com armas e explosivos para tentar impedir sua
posse. Em 1964, os revoltosos conseguiram chegar ao poder. O ex-presidente teve
os direitos políticos cassados e foi despachado para o exílio.
A impunidade dos torturadores da ditadura
abriu caminho à ascensão de Bolsonaro. Herdeiro dos porões, ele tentou
desmontar a democracia que o elegeu. Agora seus aliados usam a velha conversa
da pacificação para tentar livrá-lo da cadeia.
A articulação ganhou força nos últimos dias.
Na sexta-feira, Tarcísio de Freitas disse que o perdão a Bolsonaro seria seu
“primeiro ato” se eleito presidente. Ontem ele desembarcou em Brasília para
convencer o Congresso a fazer o serviço em seu lugar.
O Centrão parece ter abraçado a ideia. O
deputado Arthur Lira, que ainda dá as cartas na Câmara, foi visitar Bolsonaro
na prisão domiciliar. Seu afilhado Hugo Motta avisou que deve pautar o tema
assim que o Supremo bater o martelo. Na prática, isso significaria jogar no
lixo a decisão a ser tomada pela Corte.
O bolsonarismo sempre tratou o tribunal como
inimigo. Na campanha, ameaçou fechá-lo com “um soldado e um cabo”. No governo,
hostilizou ministros que não colaboraram com seu projeto autoritário. A
campanha de ódio culminaria na invasão violenta de 8 de janeiro de 2023.
Agora a tática mudou: a turma quer subjugar o
Supremo com um golpe de terno e gravata.
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