" Poder-se-ia dizer que o conceito de intelectual orgânico é, ao mesmo tempo, atual e inatual. Atual pela lucidez com que Gramsci estendeu a categoria de intelectual, incluindo não só as figuras tradicionais (escritores, filósofos, artistas, etc.), mas abrangendo todas as figuras de técnicos e de mediadores do consenso e das formas de consciência e conhecimento sob títulos diversos (aqueles que hoje poderíamos chamar de operadores culturais). Inatual porque hoje não podemos mais falar de intelectuais que sejam orgânicos para uma classe ou um grupo de classes. Quando muito, há intelectuais funcionários que são orgânicos em relação ao sistema de comunicação e intelectuais “não orgânicos”, que resistem ao sistema global da comunicação, sem nenhum mandato social.
Bolchevique nos anos da revolução soviética e naqueles da fundação do Partido Comunista Italiano, Gramsci se afastou do bolchevismo no pensamento mais maduro dos Cadernos do cárcere, pensamento que também é animado por uma forte contraditoriedade e por uma grande tensão dramática. Quanto à concepção do “Moderno Príncipe”, os atuais partidos de esquerda, também aqueles que ainda pretendem ser “comunistas”, estão, com efeito, muito distantes disto. Na realidade, o atual “Moderno Príncipe” não é mais um partido ou o partido, mas é a televisão. "
(Giulio Ferroni, professor de literatura italiana da Universidade La Sapienza, de Roma, em entrevista publicada no site Gramsci e o Brasil, outubro de 2009)
Nenhum comentário:
Postar um comentário