DEU EM O GLOBO
De repente, quando ninguém queria ser o vice de José Serra, abre-se uma crise na coligação oposicionista justamente devido à disputa pelo posto. Os últimos dias foram gastos em reuniões infindáveis para analisar o que estaria acontecendo no Sudeste para permitir a ultrapassagem da candidata oficial logo na região onde a oposição tinha mais possibilidade de se impor ao governo.
As pesquisas recentes confirmavam que o país está dividido, desde a eleição de 2006, mesmo com a alta popularidade do presidente Lula, e que as questões regionais têm mais preponderância na escolha do voto que ideologias.
Toda a estratégia oposicionista está baseada em garantir as regiões “tucanas” e tentar reduzir a diferença nas dominadas pelo “lulismo”.
Na mais recente pesquisa do Ibope, em que surgiu pela primeira vez a candidata oficial, Dilma Rousseff, à frente de Serra, o candidato tucano melhorou no Nordeste (27% para 30%) e no Norte/ Centro Oeste (31% para 34%), cumprindo assim com sucesso a estratégia.
Mas caiu justamente nas duas regiões em que predomina o eleitorado “tucano”. No Sul, caiu de 46% para 42%, mas ainda lidera a disputa. E, no Sud e s t e , registrou se a maior reviravolta: Serra caiu 5 pontos, indo para 36%, e Dilma cresceu 4 pontos, alcançando um empate técnico.
Numa visão otimista, é melhor que essa mudança tenha se registrado em regiões onde o PSDB e aliados são fortes, pois indicaria que há condições de reverter esse processo.
U m processo , aliás , que teve início na ameaça de dissidência do Rio de Janeiro na chapa de Fernando Gabeira, com o PV e o PSDB reagindo a uma coligação com o DEM de Cesar Maia.
Por pouco a convenção para ratificar a candidatura de Gabeira não se realizou.
Por mais dificuldades que os parceiros tenham para caminharem juntos, é preciso fazer movimentos coordenados com os aliados, e não é isso o que está se vendo na escolha do vice.
O processo decisório começou com um equívoco político realmente sério, com a ideia de emplacar a vereadora Patrícia Amorim, do PSDB do Rio, c o m o c ompanheira de chapa de Serra.
Chegou a haver consultas sérias a respeito, e o melhor argumento a favor era o de que a vereadora, presidente do Flamengo, poderia levar para a candidatura um sopro popular no Rio de Janeiro, com reflexos em outros estados do país onde a torcida do Flamengo é grande.
Um argumento típico de quem está perdido na busca de um reforço em um dos estados da região Sudeste onde Serra perde terreno.
Apesar da pressa de alguns políticos imediatistas, que já cercavam a vereadora como se ela fosse a salvação da campanha, ao final de algumas consultas ficou claro que não era ali que estava a solução de uma questão política.
Já a escolha do senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, tem a vantagem de consolidar a presença da oposição no Sul do país, garantindo a adesão do senador Osmar Dias, seu irmão.
Mas se esqueceram de combinar com os russos, como diria Garrincha.
O DEM, parceiro de primeira hora do PSDB, já se sente em condições de reivindicar posição de honra na coligação, digerida a crise do mensalão de Brasília.
O PSDB, e o próprio Serra, não pensam desse jeito, e gostariam de manter a coligação, com os preciosos três minutos de propaganda de rádio e televisão, mas sem ter que sair de mãos dadas com o partido que, temem, ainda está com a reputação abalada pelo escândalo.
Mas, como não é possível explicitar tais sentimentos, o PSDB esperava que o DEM ficasseem uma posição recatada nas discussões, acatando qualquer decisão que surgisse de um suposto “comando de campanha” do qual o presidente de honra do DEM, ex-senador Jorge Bornhausen, e o presidente, deputado Rodrigo Maia, fazem parte, mas de cujas reuniões, se é que aconteceram, não foram convidados a participar.
O resultado da fatídica pesquisa do Ibope deu forças ao DEM para reivindicar seu lugar na chapa, colocando na balança seus minutos de propaganda eleitoral.
A discussão não é feita em termos tão crus, embora seja isso mesmo o que está acontecendo.
Os dirigentes do Democratas consultados mostraramse unidos na recusa em abrir mão do cargo, a não ser que fosse para o ex-governador mineiro Aécio Neves, e alegaram temer não terem condições de controlar suas “bases” na convenção marcada para o dia 30, prazo derradeiro para a definição oficial da coligação.
No mesmo dia , por exemplo, as regionais de Sergipe e Pernambuco farão suas convenções, totalmente fora do controle na direção nacional, se não houver o compromisso de que o partido ficará com a vice-presidência.
O deputado Ronaldo Caiado, por exemplo, que apoia de má vontade o senador tucano Marconi Perilo em Goiás, está doido para romper a aliança.
Em todas as conversas, a impossibilidade de garantira realização da convenção nacional do partido a tempo de formalizar a aliança é colocada na mesa, travando a decisão final.
Que já tem no senador Álvaro Dias um vice convidado e que aceitou, e está sendo vetado por um dos grupos aliados. Para quem não tinha vice nenhum, até que a confusão está de bom tamanho.
De repente, quando ninguém queria ser o vice de José Serra, abre-se uma crise na coligação oposicionista justamente devido à disputa pelo posto. Os últimos dias foram gastos em reuniões infindáveis para analisar o que estaria acontecendo no Sudeste para permitir a ultrapassagem da candidata oficial logo na região onde a oposição tinha mais possibilidade de se impor ao governo.
As pesquisas recentes confirmavam que o país está dividido, desde a eleição de 2006, mesmo com a alta popularidade do presidente Lula, e que as questões regionais têm mais preponderância na escolha do voto que ideologias.
Toda a estratégia oposicionista está baseada em garantir as regiões “tucanas” e tentar reduzir a diferença nas dominadas pelo “lulismo”.
Na mais recente pesquisa do Ibope, em que surgiu pela primeira vez a candidata oficial, Dilma Rousseff, à frente de Serra, o candidato tucano melhorou no Nordeste (27% para 30%) e no Norte/ Centro Oeste (31% para 34%), cumprindo assim com sucesso a estratégia.
Mas caiu justamente nas duas regiões em que predomina o eleitorado “tucano”. No Sul, caiu de 46% para 42%, mas ainda lidera a disputa. E, no Sud e s t e , registrou se a maior reviravolta: Serra caiu 5 pontos, indo para 36%, e Dilma cresceu 4 pontos, alcançando um empate técnico.
Numa visão otimista, é melhor que essa mudança tenha se registrado em regiões onde o PSDB e aliados são fortes, pois indicaria que há condições de reverter esse processo.
U m processo , aliás , que teve início na ameaça de dissidência do Rio de Janeiro na chapa de Fernando Gabeira, com o PV e o PSDB reagindo a uma coligação com o DEM de Cesar Maia.
Por pouco a convenção para ratificar a candidatura de Gabeira não se realizou.
Por mais dificuldades que os parceiros tenham para caminharem juntos, é preciso fazer movimentos coordenados com os aliados, e não é isso o que está se vendo na escolha do vice.
O processo decisório começou com um equívoco político realmente sério, com a ideia de emplacar a vereadora Patrícia Amorim, do PSDB do Rio, c o m o c ompanheira de chapa de Serra.
Chegou a haver consultas sérias a respeito, e o melhor argumento a favor era o de que a vereadora, presidente do Flamengo, poderia levar para a candidatura um sopro popular no Rio de Janeiro, com reflexos em outros estados do país onde a torcida do Flamengo é grande.
Um argumento típico de quem está perdido na busca de um reforço em um dos estados da região Sudeste onde Serra perde terreno.
Apesar da pressa de alguns políticos imediatistas, que já cercavam a vereadora como se ela fosse a salvação da campanha, ao final de algumas consultas ficou claro que não era ali que estava a solução de uma questão política.
Já a escolha do senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, tem a vantagem de consolidar a presença da oposição no Sul do país, garantindo a adesão do senador Osmar Dias, seu irmão.
Mas se esqueceram de combinar com os russos, como diria Garrincha.
O DEM, parceiro de primeira hora do PSDB, já se sente em condições de reivindicar posição de honra na coligação, digerida a crise do mensalão de Brasília.
O PSDB, e o próprio Serra, não pensam desse jeito, e gostariam de manter a coligação, com os preciosos três minutos de propaganda de rádio e televisão, mas sem ter que sair de mãos dadas com o partido que, temem, ainda está com a reputação abalada pelo escândalo.
Mas, como não é possível explicitar tais sentimentos, o PSDB esperava que o DEM ficasseem uma posição recatada nas discussões, acatando qualquer decisão que surgisse de um suposto “comando de campanha” do qual o presidente de honra do DEM, ex-senador Jorge Bornhausen, e o presidente, deputado Rodrigo Maia, fazem parte, mas de cujas reuniões, se é que aconteceram, não foram convidados a participar.
O resultado da fatídica pesquisa do Ibope deu forças ao DEM para reivindicar seu lugar na chapa, colocando na balança seus minutos de propaganda eleitoral.
A discussão não é feita em termos tão crus, embora seja isso mesmo o que está acontecendo.
Os dirigentes do Democratas consultados mostraramse unidos na recusa em abrir mão do cargo, a não ser que fosse para o ex-governador mineiro Aécio Neves, e alegaram temer não terem condições de controlar suas “bases” na convenção marcada para o dia 30, prazo derradeiro para a definição oficial da coligação.
No mesmo dia , por exemplo, as regionais de Sergipe e Pernambuco farão suas convenções, totalmente fora do controle na direção nacional, se não houver o compromisso de que o partido ficará com a vice-presidência.
O deputado Ronaldo Caiado, por exemplo, que apoia de má vontade o senador tucano Marconi Perilo em Goiás, está doido para romper a aliança.
Em todas as conversas, a impossibilidade de garantira realização da convenção nacional do partido a tempo de formalizar a aliança é colocada na mesa, travando a decisão final.
Que já tem no senador Álvaro Dias um vice convidado e que aceitou, e está sendo vetado por um dos grupos aliados. Para quem não tinha vice nenhum, até que a confusão está de bom tamanho.
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