sexta-feira, 16 de julho de 2010

Manifesto sindical contra Serra causa crise na Força

DEU EM O GLOBO

Entidade, que assinou documento com outras entidades, deve rever posição

Leila Suwwan

SÃO PAULO. O manifesto com ataques ao candidato tucano à Presidência, José Serra, assinado por cinco centrais sindicais e divulgado pelo PT, causou mal-estar na Força Sindical. A corrente sindicalista tucana da entidade se insurgiu contra a conduta do presidente interino da central, Miguel Torres. Pressionada por Serra, a corrente pede a revisão do documento, que acusa o tucano de atuar contra os trabalhadores e de mentir, ao dizer que criou o FAT e o seguro-desemprego.

Em reunião, na próxima segunda-feira, a Força deverá recuar nos ataques a Serra. Ambos os lados negam, porém, que haja um racha ou ameaça de saída de filiados.

Anteontem, Serra cobrou uma posição de seus aliados nos sindicatos. Em público, acusou em discurso a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT e idealizadora do manifesto, de ser a "entidade superpelega" da era Lula. O tucano participou de ato na União Geral dos Trabalhadores (UGT), única das seis centrais reconhecidas pelo governo a não se manifestar a favor da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

Sindicalistas tucanos cobram respeito à pluralidade

A rebelião na Força é liderada por dois vice-presidentes da central, ambos do PSDB. E aproveita uma lacuna de liderança na entidade, com a licença do presidente, o deputado Paulo Pereira (PDT-SP), o Paulinho. Os dois tucanos dizem que o presidente interino errou por inexperiência, e cobram uma correção, baseada no respeito à pluralidade partidária da entidade.

Segundo esses sindicalistas, cerca de 25% da Força são ligados ao PSDB e, assim, não é aceitável usar o nome da central para prejudicar Serra.

- Foi uma atitude precipitada, da inexperiência de dirigir uma central sindical. A condição para o Miguel assumir, e não eu, era ficar neutro. Ele já assumiu compromisso de fazer uma reunião na segunda e revisar esse documento. Reconheceu que ficou pesado. A maioria dos dirigentes sindicais está envolvida na campanha da Dilma, mas não pode falar em nome da central - disse Melquíades de Araújo, º vice-presidente da Força e um dos coordenadores da campanha de Serra no setor sindical.

A Força, segundo o seu secretário-geral, João Carlos Gonçalves, o Juruna, já tinha uma reunião agendada, mas confirmou que o assunto será debatido segunda-feira:

- Não entendo o motivo dessa polêmica toda. A Força sempre conviveu com essas manifestações. Vamos reafirmar o respeito à pluralidade.

De acordo com Antonio Ramalho (PSDB), vice-presidente licenciado da Força e candidato a deputado estadual, não há razão para rompimento porque Miguel Torres pôs panos quentes.

- Não acredito num racha. O Miguel já me ligou e isso será revisto. Ele disse que assinou na "empolgação", sem ver direito. Até brinquei: "tá parecendo a candidata Dilma, que assina sem ler?" - disse Ramalho.

A assessoria da Força informou que Miguel Torres está em viagem e não foi contatado. Paulinho não respondeu a recados deixados em seu celular.

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