Setor deve ter taxas de crescimento menores que as da indústria extrativa mineral e da construção civil em 2012
Daniela Amorim
RIO - A indústria da transformação ainda crescerá bem abaixo das taxas da indústria extrativa mineral e da construção civil em 2012, segundo economistas. Em estudo exclusivo feito pela Gradual Investimentos a pedido da Agência Estado, a corretora prevê que a participação da indústria nacional no PIB aumente de 27,5% em 2011 para 27,78% em 2012.
Um resultado influenciado não exatamente pela recuperação da atividade industrial, mas pela perda relativa do setor agropecuário, que recuaria de 5,5% para 5,4% devido a problemas climáticos e menor dinamismo do setor de serviços.
Mesmo com todas as medidas de incentivo à indústria, como a desoneração da folha de pagamentos, e do esforço do governo para conter a valorização cambial, o segmento da indústria da transformação contribuirá pouco para o aumento do PIB industrial este ano, preveem analistas. A Gradual aposta em expansão puxada pela extrativa mineral.
"O que vai puxar a participação da indústria são as commodities, o que corrobora muito o argumento de quem fala em "primarização" ou desindustrialização do País", afirmou André Guilherme Pereira Perfeito, economista-chefe da Gradual.
Dentro da indústria geral, a extrativa mineral é movida por uma demanda externa ainda consistente, apesar da turbulência internacional.
Construção. Já a construção civil deve ser apoiada em 2012 tanto pelo aumento na concessão de crédito quanto por investimentos públicos e obras previstas para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
"A expectativa é que a indústria da transformação continue com desempenho abaixo da média, e que esse movimento possa ser compensado pelo aumento da atividade da construção, com a retomada de investimentos do governo e a aproximação de grandes eventos", lembrou Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
A Tendências Consultoria Integrada espera um crescimento de 3,1% para o PIB industrial em 2012. A consultoria calcula uma expansão de 4% da indústria extrativa mineral, uma alta de 4,7% na construção civil, contra um aumento de apenas 2,3% na indústria da transformação, que ficou praticamente estagnada e, 2011, com leve alta de 0,1%.
"Essas medidas do governo não são uma maravilha, mas acabam melhorando um pouco a situação da indústria da transformação", avaliou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências, que espera um aumento de 3,2% no PIB deste ano.
Na última década, a indústria manteve sua participação no PIB ao redor de 27%. Mas o resultado foi sustentado pela expansão da indústria extrativa mineral e da construção civil, que evitaram uma perda maior de participação, apesar do acentuado recuo no setor da transformação. A fatia da indústria da transformação recuou significativamente, de 17,2% em 2000 para apenas 14,6% do PIB em 2012. Já a participação da extrativa mineral saltou de 1,6% para 4,1%, enquanto a da construção civil saiu de 5,5% para 5,8%.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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