quinta-feira, 10 de maio de 2012

Inflação pelo IPCA triplica em abril e vai a 0,64%

A inflação oficial, medida pelo IPCA, triplicou de março para abril, passando de 0,21% para 0,64%. De acordo com o IBGE, a inflação de alimentos dobrou, mas cigarros, empregados domésticos e remédios, juntos, foram responsáveis por quase 40% do índice no mês. Em maio, os reajustes de energia elétrica, água e esgoto e táxi devem pressionar o IPCA

Inflação oficial, IPCA triplica em abril

Aumento do preço de cigarro, gastos com empregado doméstico e alta de remédios fazem indicador saltar de 0,21% em março para 0,64%

Daniela Amorim

RIO - A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), disparou na passagem de março para abril. A taxa triplicou, saindo de 0,21% para 0,64% no período, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesaram mais no bolso das famílias os gastos com o tradicional feijão com arroz e a farinha. A inflação de alimentos dobrou, mas o destaque ficou com três itens que, juntos, foram responsáveis por quase 40% da inflação no mês: cigarro, empregado doméstico e remédios. "No resultado de abril, nossa surpre-sa ficou por conta de fatores potuais, como um reajuste ligeiramente acima do esperado em cigarros e uma retomada da alta dos preços de automóveis usados", declarou Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.

O reajuste nos preços do cigarro confirmou a expectativa de maior impacto em abril, seguido por empregados domésticos e remédios. Juntos, somaram 0,24 ponto porcentual, o equivalente a 38% do IPCA. Se por um lado as pressões de cigarros e remédios foram pontuais, a dos empregados domésticos é persistente. "O principal impacto nos serviços em abril foi de empregados domésticos, não apenas pelo aumento do salário mínimo, mas também pela maior oferta de vagas, que diminui o contingente de trabalhadores nessa área", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. A inflação de serviços subiu de 0,52% para 0,76%. Os aumentos nos preços administrados ou monitorados também incomodaram, passando de 0,18% para 0,47%. Em maio, os reajustes das tarifas de energia elétrica, água e esgoto e táxi devem pressionar o IPCA. "Os serviços monitorados, na taxa acumulada no ano e em 12 meses, ainda estão abaixo do índice geral (IPCA). Isso significa que os serviços estão pressionando mais a inflação do que os monitorados", afirmou Eulina.

No mês, houve impacto ainda da valorização do dólar sobre o óleo de soja e o alho, mas também sobre os artigos de limpeza, os primeiros itens a refletir a transmissão do câmbio para o consumidor. "Em geral, quando o dólar começa a chegar aos preços ao consumidor, um dos primeiros itens que revelam esse efeito são os artigos de limpeza", disse Eulina, citando sabão em pó, detergente e desinfetante. A valorização do dólar também já contaminou o preço das carnes no atacado, segundo o aumento detectado pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna, medido pela FGV. A alta deve ser repassada para o consumidor no IPCA de maio. "Em alguma hora, esses aumentos vão chegar ao varejo, não tem jeito", afirmou André Guilherme Pereira Perfeito, economista-chefe da Gradual
Investimentos. A expectativa para a inflação de maio é de desaceleração, mas ainda no nível de 0,5%. "O IPCA de maio virá menor do que o de abril com a saída da pressão de cigarro e remédios, mas não vai recuar mais porque os alimentos vão continuar acelerando", previu Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil.

Impacto. Eulina Nunes dos Santos coordenadora do IBGE: "Quando o dólar chega aos preços ao consumidor, um dos primeiros itens que revelam esse efeito são os artigos de limpeza"

Efeito. No mês, houve impacto ainda da valorização do dólar sobre o óleo de soja e alho, mas também sobre artigos de limpeza, como sabão em pó e detergente.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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