José Batista Júnior diz que está longe da direção da empresa e não vê conflito
Flávio Freire
LIGAÇÕES PERIGOSAS
SÃO PAULO. Há menos de um ano filiado ao PSB de Goiás, José Batista Junior, um dos seis irmãos da família Batista, a controladora da J&F Holding, já tem planos definidos na esfera política. Mantido o entusiasmo que existe hoje no partido, Junior, integrante do Conselho de Administração da JBS, pretende se candidatar ao governo do estado em 2014. Com isso, terá de mudar de lado no balcão eleitoral. Depois de sua empresa doar R$ 12 milhões à direção nacional do PT e ao comitê financeiro da campanha de Dilma Rousseff, em 2010, ele agora buscará apoiadores na disputa à sucessão do tucano Marconi Perillo. A JBS é a maior processadora de carnes do mundo.
A proximidade com a política também levou a JBS naquele mesmo ano a fazer doações de R$ 6 milhões ao comitê presidencial da campanha de José Serra. A empresa também ajudou, em volumes menores, outros vários partidos, como DEM, PMDB, PRB, PMN, entre outros. Ainda, há dois anos, a JBS doou R$ 1,5 milhão ao PSB, partido ao qual se filiaria em 8 de junho de 2011. Além disso, a processadora foi uma das patrocinadoras do filme "Lula, o filho do Brasil", sobre a história do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, Junior passou o dia na sede do diretório estadual do partido, em Goiânia. Já acerta detalhes de sua entrada na corrida sucessória. Informalmente, ele tem discutido com correligionários de que forma sua eventual campanha poderá ser beneficiada pelo desgaste que Perillo sofreu ao ter seu nome envolvido com o contraventor Carlos Cachoeira, que atuaria como representante da Delta Construções ajudando a negociar contratos com órgãos públicos. Curiosamente, a J&F Holding, que controla o frigorífico JBS, confirmou ontem que irá assumir a gestão da Delta.
No PSB, a possível indicação de Junior para concorrer ao governo goiano é comemorada. Indagado por que Junior seria o melhor nome para disputar o cargo em nome do partido, o presidente estadual da legenda, Barbosa Neto, evocou o sucesso do empresário.
- Ele presidiu por 25 anos uma empresa inserida em cinco continentes, Depois de ter passado por São Paulo e pelos Estados Unidos, voltou para o seu estado só para desempenhar um papel político. - disse Neto.
Nascido em Anápolis, 52 anos, Junior vive hoje em Goiânia com a família. Em meio à compra da Delta por seu grupo, ele evita contato com a imprensa. Ontem, mesmo ao lado de Barbosa Neto numa reunião partidária, não atendeu ao pedido de entrevista do GLOBO.
À época de sua filiação ao PSB, deixou claro que seu objetivo é ajudar na estruturação do partido e que não via conflito de interesses entre a prática político-partidária e o trabalho a frente de sua empresa, principalmente em razão das doações. Ele disse que há seis anos é apenas acionista da JBS e que cinco irmãos dirigem o grupo, além de estar sem ligação direta com a a empresa há quase dez anos.
FONTE: O GLOBO
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