domingo, 22 de setembro de 2013

Em dia com a política - Baptista Chagas de Almeida

Timing errado, PSB afastado
Aécio e Eduardo Campos já discutiram possibilidades semelhantes em outros estados, o que chamam de palanque duplo

O óbvio ululante. Do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o desembarque do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do governo da presidente Dilma Rousseff: "Faltou conversa". Não é bem assim. Faltou muito mais. Aliás, o que faltou foi a ficha cair. Os movimentos dos socialistas estão atrelados, em vários estados, aos do senador Aécio Neves (MG), o presidenciável do PSDB. Só que o Palácio do Planalto não sabia o que estava acontecendo bem nas barbas de um petista de grande porte, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. E olhe que o vice-governador gaúcho é do PSB.

Dias atrás, Eduardo Campos esteve no Rio Grande do Sul. Não procurou o ainda aliado na época Tarso Genro. Teve encontro com a senadora Ana Amélia (PP-RS), bem cotada para enfrentar a candidatura de Tarso à reeleição. Paralelamente, quem também se movimentava em direção a Ana Amélia era o senador Aécio Neves. Os tucanos gaúchos devem lançar a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) como candidata a deputada federal. E tudo indica que ela deve ser uma grande puxadora de votos, embora suas chances nas eleições majoritárias não sejam favoráveis. O PSB pode ir na mesma canoa. Seria a tríplice aliança (PP-PSB-PSDB) contra Tarso Genro.

Aécio e Eduardo Campos já discutiram possibilidades semelhantes em outros estados, o que chamam de palanque duplo, que pode incluir até Minas Gerais e Pernambuco, dependendo dos desdobramentos na escolha dos candidatos.

Só que nada disso foi percebido pelo núcleo político da presidente Dilma. Já Lula tem razão. Faltou conversa, só que na hora certa. E o tempo, ao que tudo indica, já passou, embora a presidente Dilma ainda pretenda fazer uma última tentativa de manter os socialistas ao seu lado.

Queixa tucana
Os tucanos estão inconsoláveis com a manutenção do veto que extingue a cobrança adicional de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) das empresas em caso de demissão sem justa causa. É que a medida foi criada com data marcada para acabar, no fim do ano passado. Além disso, o dinheiro não vai para o trabalhador, aumenta o custo Brasil e onera muito os pequenos empresários. Pior, os recursos agora serão destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida. Só que, dos R$ 12,6 bilhões previstos no Orçamento, só foram aplicados até agora R$ 2,8 bilhões. O valor do FGTS chega a R$ 3 bilhões por ano. Será aplicado?

Luta inglória
Relator do Orçamento da União para o ano que vem, o deputado Miguel Corrêa Júnior (PT-MG) não está dando pitaco na tramitação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deveria ter sido aprovada no primeiro semestre. Ele prefere ficar quieto porque sabe que tem uma turma da pesada em sua comissão. Não são mais os Anões do Orçamento, mas gente que conhece o caminho das pedras e pressiona muito para conseguir verbas para seus currais eleitorais. Por isso, vende caro qualquer acordo que precisa ser feito. É uma luta inglória para Miguelzinho.

Já se despediu
A presidente Dilma Rousseff ainda não desistiu de ter o PSB em seu ministério. Tanto que pediu que os ministros permaneçam até a volta dos Estados Unidos, onde participa da Assembleia Geral da ONU. Só que os socialistas avisam que não tem volta, é sem chance. E tem mais: partidos fisiológicos como o PMDB, "devoradores de plantão", como os chamou um parlamentar, já travam uma briga de foice com o PT para ficar com as vagas. Detalhe: o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, não só entregou a carta de demissão como já se despediu de todo mundo. Mas Dilma pediu para ele esperar uma semana.

Portas abertas
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, anda animado, embora saiba que vai perder deputados federais de vários estados. Entre os mineiros, apenas Ademir Camilo fala em se filiar ao Solidariedade, o novo partido de Paulinho, da Força Sindical (SP). Enrolado com investigações da Polícia Federal, a saída de Ademir não será tão lamentada assim. Muito antes pelo contrário.

Os curativos
Fustigado pelos demais pré-candidatos ao governo do estado no ano que vem, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB) tem buscado cuidar das feridas abertas. Como diz um colega de partido, "faz um curativo aqui, outro curativo ali". Seus mais próximos correligionários garantem com todas as letras que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sinaliza com o nome de Pimenta mesmo e que teria sido por isso que o colocou no comando da sucursal mineira do Instituto Teotônio Vilela.

Pingafogo
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) não desiste. Ao contrário, insiste. Ainda cobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a assinatura falsificada na sessão de vetos seja investigada.

Como se vê, Garotinho, que é líder do PR na Câmara dos Deputados, é um ferrinho de dentista quando quer pegar no pé de alguém. Desta vez, sobrou para Renan Calheiros.

Será lançado amanhã, com a presença do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) o livro Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves.

O curioso na história é que, além do autor do livro, Reinaldo Alves da Costa, também o Ministério da Cultura, um órgão federal, sob a batuta do governo petista, convida para o evento. Democrático, não?

Agora, o governo dos Estados Unidos fala em rever práticas de espionagem e deixar de fora as nações amigas do país. É sempre assim. Depois do leite derramado fica mais fácil.

Sem Eduardo Campos, a presidente Dilma Rousseff vai tentar agora se aproximar do governador cearense Cid Gomes (PSB). O problema é enfrentar o temperamento do irmão dele. Ciro Gomes não é fácil.

Fonte: Estado de Minas

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