Pré-candidato tucano à Presidência disse que petistas vão “provar do próprio veneno” e perderão eleição na região; ele voltou a defender a instalação da CPI da Petrobras
Thiago Herdy - O Globo
SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) escolheu neste sábado o principal berço político dos seus adversários para defender sua candidatura à Presidência da República. Durante ato organizado pelo pelo PSDB em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, Aécio provou diretamente os petistas, dizendo que tratam a região como "um curral eleitoral fechado". No evento, ele voltou a defender a instalação da CPI da Petrobras.
- Sempre ouvi as lideranças do PT tratarem o ABC quase que como um curral eleitoral fechado.
Venho aqui para dizer que nessa eleição eles vão provar do próprio veneno, porque nós vamos ganhar aqui. O ABC é constituído de gente capaz, inteligente, trabalhadora e que está percebendo o mal que o PT vem fazendo ao Brasil - disse o tucano na terra do ex-presidente Lula, completando acreditar que "ninguém é dono do voto e da consciência do trabalhador brasileiro".
Aécio devolveu no ABC o discurso de Lula em visitas recentes à Minas Gerais. Mais de uma vez, em atos das últimas campanhas eleitorais, o ex-presidente declarou que havia pessoas que tratavam Minas como "espécie de quintal em que ele são donos" e insinuou conhecer mais o interior do estado do que o ex-governador mineiro.
- São trabalhadores que veem o mal que o governo está fazendo, inclusive nessa região - disse neste sábado Aécio, no organizado por correligionários.
O tucano afirmou que nada adiantará se a sua campanha à presidência avançar em outras regiões e não avançar em São Paulo.
- Me deem a vitória em São Paulo que eu entrego a vocês a Presidência da República - disse no discurso, que contou com a presença de deputados estaduais e federais pelo PSDB, além do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), nome mais cotado para ocupar o lugar de vice na chapa tucana que concorrerá em outubro.
Em entrevista, Aécio citou matéria publicada neste sábado pela revista "Veja", que traz trecho de mensagem em que o doleiro Alberto Youssef diz ao deputado André Vargas (PT-SP) que sua intermediação em contratos do governo garantirá a "independência financeira" de ambos.
- As revistas semanais mostram uma relação incestuosa de uma gravidade enorme, de agentes políticos importantes do PT, com grande influência no PT, dentro da Petrobras, para fazer negócio. Segundo a revista, para garantir a independência financeira deles. Isso é um acinte, uma vergonha - disse Aécio.
A ação de Vargas mencionada pela revista se refere, entretanto, à atuação com Youssef junto ao Ministério da Saúde, e não à Petrobras. O doleiro é investigado por atuar na estatal de petróleo com outro dirigente, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, de acordo com inquérito da Polícia Federal.
Aécio reafirmou neste sábado que a oposição acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar garantir a instalação da CPI da Petrobras, ainda não instalada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o que ele considera uma "violência sem limites ao funcionamento do Parlamento".
- É vergonhosa a tentativa do governo, comandada pelo Palácio do Planalto, de impedir que as investigações em relação à Petrobras ocorram. Na terça-feira estaremos indo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ver respeitado o direito das minorias, disse o tucano, citando jurisprudência que prevê a instalação automática da comissão quando há o número mínimo de assinaturas e a ocorrência de fato grave.
O senador mineiro disse estar disposto a assinar qualquer pedido de CPI feito pela base aliada da presidente Dilma Rousseff. Foi uma resposta à decisão de Renan de permitir aos governistas incluir na CPI investigações que atingem governos estaduais de oposição, como o suposto cartel no Metrô de São Paulo, a construção do Porto de Suape, em Pernambuco, e transações envolvendo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
- O governo quer fazer CPI sobre qualquer outro tema? Que faça, o governo tem maioria. Eu não negarei inclusive minha assinatura pessoal à outra CPI para investigar o que quer que seja, mas não impeçam a sociedade brasileira de entender de que forma a Petrobras vem sendo governada ao longo desses últimos anos - disse Aécio.
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