Líderes do partido preferem que presidente do Senado deixe de lado questionamento sobre liminar
Débora Álvares e Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo
Lideranças peemedebistas fecharam questão em torno da atuação na CPI da Petrobrás e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve desistir de recorrer ao plenário do Supremo Tribunal Federal. Na avaliação da cúpula do partido, o desgaste de questionar a decisão da ministra Rosa Weber, que determinou a imediata instalação da comissão, foi empurrada para "a conta" do partido. O próprio PT, da presidente Dilma Rousseff, desistiu de apelar ao STF para tentar inviabilizar as investigações.
Em Roma desde a semana passada, onde acompanhou ao lado do vice-presidente Michel Temer a missa em ação de graças pela canonização do padre José de Anchieta, Renan conversou por telefone com nomes de peso do partido, insatisfeitos com sua iniciativa de recorrer, anunciada na quinta-feira.
A provável mudança de rota na estratégia de Renan vai de encontro ao que já havia sido acordado entre os correligionários, em uma sequência de jantares nas últimas semanas. "Entrar com recurso no pleno para quê?", questionou o líder peemedebista no Senado, Eunício Oliveira (CE), um dos que ligou para o presidente do Senado para lhe dizer que "ele havia se precipitado" ao distribuir a nota sobre o recurso.
Renan retorna hoje ao Brasil e amanhã, assim que reassumir os trabalhos no Senado, vai reunir os membros da Mesa Diretora para falar sobre a desistência do recurso. A reunião, contudo, visa evitar mais desgastes, tirando do presidente do Senado a responsabilidade integral e deixando a decisão para o colegiado.
Na avaliação de um líder peemedebista, embora Renan seja o citado pela liminar do Supremo, por ser o presidente do Senado, o custo político de questionar a instalação da CPI da Petrobrás seria compartilhado pelo PMDB como um todo.
Na semana passada, após receber a notícia de que Rosa Weber decidiu a favor da CPI para investigar exclusivamente as denúncias contra a Petrobrás, como defendia a oposição, o Palácio do Planalto acionou os líderes da base aliada. A orientação foi que o PT não recorreria. Pesquisas internas mostram que a avaliação de Dilma já sofre desgaste por causa da CPI. O recurso caberia a Renan, como presidente do Senado, numa tentativa de institucionalizar a manobra.
Copa. Para tentar blindar a presidente, os governistas vão dar prioridade à indicação de parlamentares fiéis ao Planalto. PT e PMDB têm direito cada um a 4 das 13 vagas da CPI, enquanto o PSDB terá 2 nomes e o DEM, 1. Além disso, a aposta é que a proximidade da Copa do Mundo, que começa em 12 de junho, reduzirá os holofotes sobre a investigação no Congresso.
A oposição agora quer tentar instalar uma CPI mista, incorporando deputados à investigação. "A CPMI tem um peso político novo. Não podemos desprezar o apoio de 230 deputados", justificou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP).
Para tentar brecar a CPMI, mais ameaçadora ao governo, a base vai argumentar que a decisão de Rosa Weber se ateve ao processo no Senado. "O que foi decidido pelo Supremo foi a CPI do Senado. Não vamos aguardar o STF receber uma ação de CPMI. Vamos tocar essa que já está apresentada", disse o líder do PT, Humberto Costa (PE).
Tucanos e democratas vão destacar que a CPI mista já cumpriu os critérios regimentais exigidos e que não há argumento jurídico que impeça os deputados de participarem da investigação. A liderança do DEM na Câmara cogita levar a questão mais uma vez ao Supremo, caso Renan, que também é o presidente do Congresso, opte pela CPI restrita a 13 senadores. / Colaborou Débora Bergamasco
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