terça-feira, 12 de agosto de 2014

Operação para blindar Foster

• Governistas tentarão evitar novos desgastes para a presidente da Petrobras. Oposição protocola pedido de convocação da contadora de Youssef

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

O governo trabalha em duas frentes para blindar os ataques da oposição à presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. A primeira batalha é travada no Tribunal de Contas da União (TCU), já que o plenário da Corte adiou a decisão sobre o bloqueio dos bens da executiva por conta do prejuízo na compra da refinaria de Pasadena. O segundo front está localizado na CPMI, que deve esquentar esta semana após as declarações da ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Pozza, afirmando que "malas e malas de dinheiro" derivadas de corrupção alimentaram o caixa dois de PT, PMDB e PP.

Ao mesmo tempo em que tenta enquadrar a presidente da Petrobras, a oposição luta para convocar a contadora Meire Pozza para a CPMI. Dois requerimentos nesse sentido foram protocolados ontem, um pelo DEM e outro pelo PPS. "O depoimento de Meire será fundamental para estabelecer o elo entre Youssef e a Petrobras e identificar como o governo do PT se beneficiou do esquema de lavagem de dinheiro", afirmou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Depois do empenho, na semana passada, do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, em defender Foster no plenário do TCU, o governo acha que a situação no tribunal está um pouco mais fácil. "Foi o próprio relator do processo de indisponibilidade dos bens de Foster (ministro José Jorge) que pediu o adiamento da votação. Os demais ministros perceberam que ele não estava seguro no pedido", disse um interlocutor do governo.

O diretor corporativo da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou que a oposição, ao tentar atingir Graça Foster, está mirando, na verdade, na presidente Dilma Rousseff. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tem um pensamento parecido. "Eles (os oposicionistas) precisam esticar um pescoço e ter uma cabeça para exibir neste período eleitoral", disse.

Pelo segundo dia consecutivo, Dilma defendeu Foster. E não quis responder se afastará a presidente da Petrobras do comando da empresa caso o TCU bloqueie os bens da dirigente. "Eu acho gravíssimo politizarem uma discussão desse tipo. Acho gravíssimo e não acho muito responsável. Espero que não se faça política nesse assunto. Porque, primeiro, a Petrobras é a maior empresa deste país. E a Graça tem méritos inequívocos. Não é só a minha avaliação, mas a de entidades internacionais e do mercado", disse Dilma, em entrevista ao Grupo RBS.

Julgamento
A presidente afirmou que não analisará a situação de Foster com base nas informações recentes sobre irregularidades na Petrobras. "Não vou fazer nenhum julgamento sobre uma pessoa da qualidade da Graça Foster baseado em avaliações questionáveis", alegou. Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) voltaram a criticar a crise na estatal (leia mais na página 4).

Um aliado de Dilma afirmou que, dentro do governo, Graça Foster jamais foi enxergada como problema, e, sim, como solução. Para estrategistas do governo, a convulsão vivida pela estatal tem dois componentes: uma clara insatisfação interna originada pelas mudanças que ela promoveu ao assumir a presidência e a necessidade da oposição de criar um "factoide eleitoral", como a própria Dilma se referiu à crise no domingo.

Colaborou Julia Chaib

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