João Villaverde - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) atacou duramente os planos da presidente Dilma Rousseff e do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de anunciar reformas previdenciárias e trabalhistas. "Será um erro político tremendo. Isso vai colocar contra o governo a CUT, o MST e a base aliada que tanto defende a presidente. O autor dessas ideias, num momento de crise política como esse, realmente merece um prêmio", disse Farias, que nos últimos meses foi o principal crítico de Joaquim Levy, o antecessor de Barbosa na Fazenda.
O senador chamou de "suicídio político" anunciar uma reforma sobre aposentados e trabalhadores neste momento.
"Tenho falado com o presidente da CUT, com o MST, com toda a base de apoio do governo. As pessoas foram para as ruas contra o impeachment da presidente e receberão, dias depois, uma reforma como essa? Acho que o ministro Nelson Barbosa deveria ter assumido com um discurso pró-crescimento. O governo busca o mercado, mas vai acabar sem nada. Não terá o apoio do mercado e ainda vai perder o apoio dos movimentos sociais", disse ele.
O senador foi uma das principais vozes no Congresso do discurso econômico defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação deles, a crise econômica deve ser combatida com a redução da taxa básica de juros, o que impulsionaria o crédito. Lindbergh também defende usar parte das reservas internacionais mantidas pelo Banco Central para financiar investimentos em infraestrutura.
"Temos um problema fiscal, é inegável. Mas ele não será superado com medidas como essas que foram lançadas pelo novo ministro, de reformas na Previdência e no Trabalho. Estamos gastando quase 9% do PIB com juros. Este é o real problema", disse o senador petista. Ele falou após participar de reunião com o ministro do Trabalho e da Previdência, Miguel Rossetto, sobre demissões na CSN em Volta Redonda (RJ).
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