Igor Gielow / Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Após gerar especulações ao aparecer com um discurso de candidato a presidente no "Domingão do Faustão" desta semana, o apresentador da Rede Globo Luciano Huck disse a pessoas próximas que continua fora da disputa pelo Planalto -exceto talvez em uma situação.
Esse aliados avaliam que Huck pode mudar de ideia se houver uma combinação na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteja impedido de forma definitiva de concorrer e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) patine na casa dos 10% de intenções de votos.
O prazo: abril, quando Huck precisa se filiar a algum partido para poder concorrer no pleito de outubro.
No caso do petista, a questão central é o eleitorado. As pesquisas à disposição de Huck mostram que ele teria grande potencial de crescimento na faixa hoje dominada pelo ex-presidente: mais pobres, menos escolarizados, nordestinos e nortistas.
A dificuldade reside na incerteza jurídica. Se Lula tiver a condenação por corrupção confirmada por unanimidade no dia 24, o caminho para recursos judiciais a fim de manter sua candidatura se estreita -embora mesmo aí haja a certeza de que o PT deverá buscar protelar ao máximo a empreitada do líder.
Se não for unânime, os recursos estarão prontamente à mão do petista, e há cenários que veem Lula com condição de disputar a eleição à base de liminares.
Sobre Alckmin, a constatação é a mesma feita por alguns tucanos e governistas: sem uma decolagem mínima até abril, haverá muita pressãosobre o presidenciável, que de resto hoje é o nome com estrutura partidária e política mais sólida para consolidar o voto centrista.
Huck está na bolsa de apostas desde o ano passado, e virou alternativa real quando um dos maiores estimuladores de sua candidatura, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o citou como nome para encarnar "o novo" em entrevista à Folha.
Ao longo do ano, associou-se aos movimentos políticos Agora! e RenovaBR. Namorou também algumas siglas. Quase filiou-se ao PPS, mas acabou desistindo e publicando artigo na Folha em 27 de novembro para dizer que não seria candidato.
Por que surgiu então como presidenciável no "Faustão"? Segundo amigos, Huck diz que foi pego de surpresa pela repercussão do programa, gravado há algumas semanas.
Em Dubai com a mulher, a apresentadora Angélica, Huck foi bombardeado com dezenas de mensagens de conhecidos sobre o tema.
A explicação que alguns deles receberam é de que ele procurava passar uma mensagem de politização a um público análogo ao do seu programa, o "Caldeirão do Huck", no qual por motivos éticos precisa evitar o tema.
Como seria de se esperar, nem todos acreditam nessa versão, ainda mais quando o veículo foi um espaço nobre da programação da maior emissora do país. Verdade ou não, na prática boa parte do mundo político considera Huck de volta ao jogo.
Alguns estrategistas voltaram a especular se o global não aceitaria ser vice de uma chapa centrista, como a de Alckmin, que ganharia em troca oxigenação e votos.
Aliados de Huck dizem que ele rejeita a hipótese ainda mais liminarmente. Já o fez em 2013, quando alguns conhecidos tentaram convencê-lo a formar chapa com o amigo Aécio Neves (PSDB), derrotado no ano seguinte por Dilma Rousseff (PT).
Um comentário:
Ele não me pareceu candidato em nenhum momento.
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