Segundo o Datafolha, 31% dos eleitores do ex-presidente optariam por votar em branco ou anular
A primeira pesquisa divulgada após a condenação do ex-presidente Lula pelo TRF-4, realizada pelo Datafolha, mostra que, com o petista fora da eleição, Marina Silva herdaria os votos de 15% de seus eleitores e Ciro Gomes, de 14%. Os votos brancos e nulos receberiam a maior parte do espólio: 31%. Sem Lula, Jair Bolsonaro assume a liderança, mas perde em todas as simulações para o 2º turno. Marina, Ciro, Geraldo Alckmin e Luciano Huck aparecem embolados na 2ª colocação. O Planalto já descarta Henrique Meirelles e Rodrigo Maia como candidatos.
Lulismo ainda sem dono
Primeira pesquisa após condenação de Lula leva a recorde de brancos e nulos
Silvia Amorim / O Globo
-SÃO PAULO- Confirmado o cenário mais provável, com o ex-presidente Lula impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, as candidaturas de Marina Silva (Rede) e de Ciro Gomes (PDT) à Presidência tendem a ser, hoje, as principais herdeiras de seu espólio eleitoral. Entretanto, na primeira pesquisa Datafolha feita após a condenação do petista em segunda instância no caso do tríplex, são os votos brancos e nulos que se destacam, levando 31% das intenções de voto do petista. Marina ficaria com 15% da fatia do eleitorado do ex-presidente, enquanto Ciro abocanharia 14%.
Mesmo condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região por corrupção e lavagem de dinheiro, o petista se mantém na liderança em todos os cenários de primeiro e segundo turnos. Sem o ex-presidente, a disputa por uma vaga fica embolada. O deputado Jair Bolsonaro (PSC) surge isolado na liderança, enquanto outros quatro nomes duelam pela segunda colocação: Marina, Ciro, Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck (sem partido).
Em sua melhor performance, Lula chega a 37% no primeiro turno, mesmo patamar da pesquisa anterior. Na pior, ele alcança 34%. No segundo turno, seu melhor resultado é 49%, num enfrentamento com Alckmin ou Bolsonaro.
Apesar da sentença de 12 anos e um mês, que torna Lula inelegível, o PT, em nota, afirmou que tirar o petista do processo eleitoral teria “consequências imprevisíveis". “Excluir Lula do processo eleitoral significaria cassar o direito de voto da grande maioria dos eleitores, o que lançaria o país numa crise política e institucional de consequências imprevisíveis, mas inevitavelmente trágicas”, disse o partido no comunicado. A pesquisa Datafolha também perfilou os eleitores que pretendem votar em branco ou nulo na ausência de Lula. Entre eles, o perfil mais numeroso é daqueles que têm renda inferior a dois salários mínimos.
Apesar de liderar a corrida sem Lula, Bolsonaro parou de crescer. Ele oscilou negativamente em todos os quadros apresentados em comparação ao levantamento de novembro. O deputado federal não vence em nenhum dos cenários de segundo turno. A melhor projeção é um empate técnico com Alckmin, com vantagem para o tucano (33% a 35%). Bolsonaro, que pretende se lançar pelo PSL, acredita que a eventual saída de Lula não o desidrata.
— O PT não pode ficar sem um nome porque depende da existência de um candidato para eleger uma bancada federal — afirmou Bolsonaro, que receberia, segundo a pesquisa, 7% do espólio do petista. — Estou crescendo muito no Nordeste. Tem muita gente colocando outdoor na região — completou.
Alckmin obtém de 7% a 11% no primeiro turno. Mesmo assim, o governador de São Paulo disse que o índice não o preocupa.
— Essa é uma corrida de resistência. O voto não vai se decidir agora. Nossa tarefa é ir para o segundo turno, onde ganhamos de quase todos os candidatos — afirmou ontem o tucano.
Com Lula, Marina oscila entre 8% e 10% no primeiro turno. Sem ele, de 13% a 16%. Num segundo, perde de Lula e bate em Bolsonaro. A pré-candidata da Rede não quis comentar a pesquisa. No entanto, em sua conta no Twitter, divulgou uma peça típica de campanha, lembrando que não é investigada pela Lava-Jato.
Ciro registrou intenções de voto entre 6% e 13% dependendo da participação ou não do ex-presidente petista. Em recuperação de cirurgia, ele também não comentou a pesquisa. Já o presidente Michel Temer (PMDB) aparece com 1%, mesmo patamar obtido por nomes lembrados como possíveis presidenciáveis com apoio do Planalto como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD).
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