quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Bolsonaro exalta militares, elogia ditador do Paraguai e se irrita com pergunta sobre laranjas

Segundo presidente, governos militares foram responsáveis por construção de Itaipu

Bruno Soares / O Globo

FOZ DO IGUAÇU (PR) — Durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), na manhã desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro exaltou os presidentes da ditadura militar brasileira, elogiou o general Alfredo Stroessner , ditador que governou o Paraguai entre 1954 e 1989, e se irritou com uma pergunta sobre o esquema de candidaturas laranja em seu partido, o PSL.

Em seu discurso, Bolsonaro enalteceu o papel dos militares no processo de construção da usina e afirmou que o ex-presidente militar Castello Branco foi eleito presidente do Brasil — ele foi escolhido numa eleição indireta feita pelo Congresso Nacional.

— A Itaipu é o símbolo da amizade de nossos países. Eu quero recordar, relembrar aqueles que realmente são os responsáveis por essa obra. Isso tudo nas primeiras tratativas começaram ainda lá traz, no governo do Marechal Castello Branco, o homem que foi eleito presidente da República do Brasil, no dia 11 de abril de 1964 —, disse Bolsonaro.

Ao falar dos outros presidentes da ditadura, referiu-se ao período como "nosso governo". O discurso pró-militar marcou praticamente todo o pronunciamento, que terminou com elogios ao ditador paraguaio Alfredo Stroessner.

— Isso tudo não seria o suficiente se não tivesse do lado de cá, um homem de visão, um estadista, que sabia perfeitamente que o seu país, o Paraguai, só poderia prosseguir, progredir, se tivesse energia. Aqui também a minha homenagem ao general Stroessner —, finalizou Bolsonaro ao se dirigir diretamente ao presidente paraguaio Mario Abdo Benítez.

Os dois presidentes se reunirão em Brasília no mês de março para dar prosseguimento às ações bilaterais dos dois países.

Na hora de responder às perguntas de jornalistas, Bolsonaro demonstrou irritação ao ser questionado sobre o escândalo de candidaturas laranjas que assola seu partido. Antes mesmo que uma repórter concluísse a questão, o presidente a interrompeu e determinou que nova pergunta fosse feita:

— Eu só peço, por favor, estamos tratando de um assunto de extrema importância para o nosso país, outra pergunta, por favor —, afirmou.

A entrevista que contava com a presença de jornalistas paraguaios foi encerrada logo em seguida, com menos de sete minutos de duração.

O presidente visitou Foz do Iguaçu para dar posse ao novo diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, o general Joaquim Silva e Luna.

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