Donald Trump já havia indicado que não deixaria o poder facilmente. Ontem, ele mostrou que é capaz de implodir a democracia americana para não reconhecer uma possível derrota.
Em
desvantagem na apuração, o presidente dos Estados Unidos atentou contra o sistema
que o elegeu em 2016. Sem qualquer base factual, ele alegou que a disputa deste
ano estaria sendo roubada.
Em
mais um abuso de poder, o republicano fez as declarações falsas na sala de
imprensa da Casa Branca. Usou a estrutura e os símbolos da Presidência para
difundir mentiras em interesse próprio.
Trump
alegou que os votos enviados pelo correio, de acordo com as regras do jogo,
seriam “ilegais”. O motivo é conhecido: os eleitores democratas aderiram em
peso a essa modalidade de voto.
As grandes redes americanas interromperam a transmissão do discurso pela
metade. Ainda assim, as mentiras do presidente atingiram milhões de
americanos pela TV e pelas redes sociais.
Mais
cedo, Trump já havia tuitado, em maiúsculas: “PAREM A CONTAGEM!”. Foi uma
confissão de desespero. A cada hora que passava, Joe Biden reduzia a distância
na Pensilvânia e na Georgia.
O
presidente age como um sabotador da democracia. Sua ofensiva mina a confiança
nas eleições e o respeito às regras do jogo. A esta altura, a judicialização da
disputa parece ser o menor dos riscos. Trump encorajou os extremistas e acendeu
um pavio que pode incendiar as ruas americanas.
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Em
setembro de 1992, um deputado subiu à tribuna da Câmara e anunciou: “Tenho
dignidade e vergonha na cara e não subirei jamais em palanque em que esteja o
atual presidente”.
O presidente era Fernando Collor. O autor da promessa, Jair Bolsonaro. Ontem, os dois subiram no mesmo palanque em Piranhas, no sertão de Alagoas. Sorridente, o capitão definiu o novo aliado como “um homem que luta pelo interesse do Brasil”.
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