Subjugar
as Forças Armadas, sublevar a PM e armar a população --em 1964, isso era
subversão
Em
outubro último, o Brasil assistiu ao então general da Saúde, Eduardo Pazuello,
dizer a frase "É simples assim. ". A seu lado, um salivante Jair
Bolsonaro. Dias antes, Pazuello autorizara a compra de 46 milhões de doses da
vacina chinesa Coronavac pelo Butantan. Mas Bolsonaro, por razões eleitorais,
não queria saber da China nem do Butantan. "Já mandei cancelar",
invectivou. "O presidente sou eu e não abro mão da minha autoridade".
Se quisesse honrar as cuecas que vestia —estava internado com a Covid num
hospital—, Pazuello teria se demitido assim que foi desautorizado. Mas preferiu
abaixá-las para Bolsonaro. Um
manda e o outro obedece
Ali se transpôs uma linha na hierarquia militar. Ao contrário dos quartéis, onde a obediência é essencial, a razão deve primar no mundo civil —principalmente quando há vidas em jogo. Naquele dia, 155 mil brasileiros já tinham morrido do vírus. Desde então, contando os que morreram por Bolsonaro ter cancelado aquelas vacinas, perdemos outros . Sendo Pazuello, co-autor dessa chacina, um general da ativa, deveria juntar uma medalha às tampinhas de Coca-Cola em sua farda.155 mil
Bolsonaro
quer pazuellar as Forças Armadas. Sua estratégia de afrontar, submeter,
desacatar, subjugar, jungir, domar, humilhar, acoelhar e, em última análise,
pôr na linha —na sua linha— o comando da Defesa e das três Armas é uma
continuação de outras duas políticas que vem se empenhando em implantar:
sublevar as polícias militares, como no gravíssimo episódio em curso na Bahia,
e armar a população. Em 31 de março de 1964, o nome disso era subversão.
Nada
mal para quem começou condecorando matadores de aluguel. Hoje Bolsonaro tem
procuradores e juízes infiltrados nas instituições para lhe dar apoio legal. Já
é muita bala a seu favor. Mas ele sabe que precisa controlar a instituição
maior.
"O meu Exército", como vive cuspindo. É dele e ninguém tasca.
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