A
definição dos nomes dos novos chefes das Forças Armadas ainda depende da
solução de um impasse na decisão final sobre quem será o novo comandante do
Exército. Isso porque o preferido de Bolsonaro, o general Marco Antônio Freire Gomes,
atual Comandante Militar do Nordeste, não foi incluído na lista de nomes
enviadas pelo Alto Comando da força ao Planalto para a escolha do
presidente.
Por
tradição, cada comando envia ao presidente da República uma lista com possíveis
candidatos, em geral os mais antigos da carreira militar. As listas enviadas
pela Marinha e Aeronáutica traziam, entre outros, os nomes que Bolsonaro
queria: o Almirante Almir Garnier, Secretário-Geral do ministério da
Defesa e o Brigadeiro Carlos Almeida Batista Júnior, Comandante-Geral de
Apoio da FAB.
Não
é vedado a Bolsonaro nomear alguém que não está na lista, mas pode ser mais um
fator de estresse entre o Alto Comando do Exército e o presidente da
República.
A lista do Exército contém os nomes de cinco generais, por ordem de antiguidade no Exército: Décio Luís Schons (chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército), general José Carlos de Nardi (General de Exército), José Luiz Freitas (Comandante de Operações Terrestres), Marcos Antônio Amaro (chefe do Estado-Maior do Exército), general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Departamento-Geral de Pessoal).
Os
dois mais antigos da lista se aposentam nesta semana. Depois disso, Freire
Gomes passará a ser o quinto mais antigo. Entre os militares, o que se diz é
que o Alto Comando enviou os cinco nomes para ser "estritamente
institucional".
A
atitude condiz com uma diretriz acordada nos últimos dias em reuniões da
instância máxima do Exército: a de que a força não se prestará a uso político
ou eventuais impulsos golpistas do presidente da República. Os 16 generais
de quatro estrelas que compõem o colegiado ficaram contrariados com a demissão
do ministro da Defesa, por avaliar que Bolsonaro quer usar a força para
"uma aventura".
Nesta
segunda-feira, o ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, deixou o cargo por não concordar com a demissão de Pujol
do comando do Exército. O presidente teria enviado recados a Pujol de que
esperava dele manifestações públicas contra as medidas de isolamento social
decretadas pelos governadores que, para Bolsonaro, equivalem a "estado de
sítio".
Na
semana passada, Bolsonaro afirmou a apoiadores que o "meu Exército"
não apoiaria lockdown. Como Pujol ignorou os recados de Bolsonaro, o presidente
pediu sua cabeça a Azevedo e Silva. Acabaram caindo o ministro e o comandante
do Exército.
A
aliados, Azevedo disse também que saiu porque não queria repetir o que viveu em maio passado.
Maio
de 2020 foi o mês em que bolsonaristas realizaram diversas manifestações
pedindo intervenção militar e atacando o Supremo Tribunal Federal.
O mês começou com Bolsonaro recebendo e cumprimentando manifestantes na rampa do Palácio do Planalto e afirmando que "chegou ao limite", que não iria "admitir mais interferência" e que "não tem mais conversa" com o Supremo. O presidente vivia então uma crise com a corte, porque o ministro Alexandre de Morais havia anulado em decisão monocrática a nomeação de Alexandre Ramagem para dirigir a Polícia Federal. Na ocasião, o presidente chegou a afirmar que "as Forças Armadas estão ao nosso lado".
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