sexta-feira, 8 de julho de 2022

Bruno Boghossian: Dos quartéis à campanha

Folha de S. Paulo

Na prática, dobradinha de Bolsonaro com Forças Armadas para emparedar TSE é abuso de poder

Jair Bolsonaro pôs na mesa as cartas de sua campanha durante uma reunião na terça-feira (5). O objetivo do presidente era pedir que sua equipe fizesse propaganda do governo para aumentar as chances de reeleição, mas ele gastou metade das quatro horas de conversa para reforçar suspeitas falsas sobre a votação. Na sala, além de ministros, estavam integrantes da cúpula das Forças Armadas, que ficaram em silêncio.

Já seria difícil explicar a participação de chefes militares num encontro convocado para melhorar o desempenho eleitoral de um político. Mas é impossível justificar a presença deles numa reunião em que a máquina do governo fabrica pretextos para tumultuar a votação.

Se as Forças Armadas rejeitam a ideia de "embarcar" na conspiração de Bolsonaro contra as eleições, como tentam espalhar militares graduados, elas estão fazendo um péssimo trabalho. Hoje, há mais do que um ou dois generais atuando para desacreditar a noção de que o voto deve escolher o presidente do país.

O ministro da Defesa é um deles. Na reunião de terça, o general Paulo Sérgio de Oliveira reclamou da demora do Tribunal Superior Eleitoral para responder a questionamentos feitos pelas Forças Armadas sobre a segurança das urnas. No dia seguinte, ele voltou a se queixar durante uma audiência na Câmara e afirmou que os militares só entraram no circuito porque foram convidados pelo TSE.

O general falou como se as Forças Armadas desempenhassem uma função técnica de fiscalização das urnas, mas essa participação é puramente política. A corte já fez esclarecimentos aos militares, mas eles decidiram agir em conjunto com Bolsonaro para ampliar as desconfianças sobre o sistema de votação.

O próprio presidente já tratou com ironia dessa dobradinha. "Eu acho que esqueceram que o chefe das Forças Armadas sou eu", disse, no mês passado. Na prática, o país está diante de mais um caso típico de abuso de poder: um candidato e militares aliados usam seus cargos para tentar interferir numa eleição.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Bolsonaro chefia as Forças Armadas como comanda a sua própria FAMILÍCIA e como controlava suas RACHADINHAS nas décadas de mandato como deputado federal CORRUPTO e membro permanente do baixo clero da Câmara Federal.

Anônimo disse...

Nunca dei um tostão furado por esse sujeito,, conheci-o o dia que um de seus filhos passou mal, deve ter sido o Carlos, e a Jandira( médica e do Pt) prontificou-se em dar-lhe assistência e ele como é do seu feitio, recusou grosseiramente. Nesse debate na T.V, vi o tanto que é insensível, ingrato e sem princípio algum. Bolsonaro só ama .Bolsonaro, ele não se julga um simples mortal como nós. Seu QI não deve ser normal de
Uma pessoa.
Estupido, ele pensa que é o próprio
Deus