terça-feira, 5 de julho de 2022

Eliane Cantanhêde; Oração às almas do bem

O Estado de S. Paulo

Mortes de Bruno, Dom, Rouanet e d. Cláudio jogam luzes no que há de melhor e pior no Brasil

Em tão curto espaço de tempo, o Brasil chora as mortes de Bruno Araújo Pereira, Dom Phillips e agora as de Sérgio Rouanet e d. Cláudio Hummes. Personagens marcantes, cheios de simbologia, que jogam luzes sobre as graves mazelas que horrorizam os brasileiros e corroem a imagem do País no mundo.

Baleados, queimados, esquartejados e enterrados numa beira de rio, Bruno e Dom trabalhavam pelas boas causas, os direitos das comunidades isoladas, a justiça e a humanidade. Uma morte horrível, de pessoas do bem. Por quê? Para quê? E, afinal, quem são os mandantes?

No Estadão de domingo, Leonencio Nossa mostrou como Pelado, o primeiro a confessar, foi décadas atrás o “menino” das excursões dos ícones indigenistas Sydney Possuelo e seu filho Orlando, para identificar as ameaças às comunidades isoladas. Como o menino virou monstro? É o abandono, falta de esperança, aliciamento... E os monstros estão empoderados.

E morre Sérgio Rouanet, diplomata, humanista, antropólogo, filósofo, escritor, homem da cultura, dos direitos humanos, que deixou como legado a Lei Rouanet, de incentivo às artes, cinema, teatro, dança e música que nos enchem de orgulho e refletem a riqueza da miscigenação brasileira. Uma lei vista hoje como coisa de comunista e de vagabundos para assaltar o dinheiro público (como certos pastores no MEC?).

Quem vê a Cultura como estorvo nomeia para a Secretaria de Cultura um cidadão capaz de fazer evento público com símbolos, textos e música de inspiração nazista. E outro que, em vez de música e poesia, faz apologia de armas. Ah, Sérgio Rouanet! Onde fomos parar?

Paramos num país que persegue Paulo Freire, Nise da Silveira, Ricardo Galvão, Chico Buarque, Fernanda Montenegro e esfrega na cara da sociedade a Ordem do Mérito do Livro, da Biblioteca Nacional, para... Daniel Silveira. Um escárnio. O que estará sentindo Rouanet, em algum lugar, ao lado de Carlos Drummond de Andrade?

Agora, lá se vai d. Cláudio Hummes, o cardeal que dedicou a vida à sua religião, não para arrancar dízimos de pobres, mas a favor dos trabalhadores, do ambiente, dos indígenas, dos direitos humanos. Quando o argentino Jorge Mario Bergoglio foi anunciado novo papa, d. Cláudio sussurrou-lhe: “Não te esqueças dos pobres!”. E assim Bergoglio virou o papa Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis.

Que nos piores momentos nos lembremos de que o Brasil é de d. Cláudio, Rouanet, Bruno e também de Dom, brasileiro por amor, não de quem defende golpes, armas, até o nazismo. Estes precisam voltar às profundezas de onde nunca deveriam ter saído: as das minorias radicais.

 

5 comentários:

Anônimo disse...

Bolsonaro e seus ratos (Abraham Weintraub, Ricardo Salles, Milton Ribeiro, Ernesto Araújo, Paulo Guedes, Pazuello, Pedro Guimarães e outros) saíram do esgoto, para onde vão voltar os que não forem presos no próximo ano!

Anônimo disse...

A vida mostra, está escancarado, que quem faz maldade dessa proporção terá a vida destroçada na mesma proporção, esses assassinos logo morrerão também e vida realmente nunca tiveram. Como pode a maldade prevalecer se até sem fazermos mal a alguém recebemos constantemente uma carga grande do mal? O mal está em toda parte até mesmo onde vigora a maldade, o mal atrai o mal e esses assassinos jamais terão paz. Já os considero mortos, pois logo vão ter que pagar a conta do mal que praticam. É esperar para ver.

Anônimo disse...

Quando se trata de ladroes da Pátria esses também pagam. É só observar. Não exista conta do mal que prescreva, aqui se faz aqui se paga. Nem que seja através de entes queridos.

Anônimo disse...

Paulo Guedes é o pior

ADEMAR AMANCIO disse...

Estamos de mal a pior,espero que no próximo ano melhore um pouco,paraíso terrestre não está no radar.