O Estado de S. Paulo
Mesmo mantendo o favoritismo, um segundo turno coloca Lula num difícil cenário
A mulher pobre e evangélica já tomou a
primeira decisão das eleições: vai mandar Bolsonaro para o 2.º turno. É nessa
pessoa que convergem três típicas categorias em que são divididos dados de
pesquisas de opinião: baixa renda, eleitorado feminino, religião.
Os últimos levantamentos indicam que
Bolsonaro está conseguindo evitar uma derrota já em 1.º turno. O retrato do
momento indica que só perderia no 2.º se a eleição fosse no próximo domingo. Um
2.º turno está marcado para daqui a nove domingos.
Lula preserva vantagem sobre Bolsonaro
entre mulheres, eleitores de baixa renda e no Nordeste. Ocorre que o
presidente, mesmo sendo o mais rejeitado, empata ou até tem vantagem em
colégios eleitorais de peso (Sul e Sudeste) e entre evangélicos. Enquanto a
recuperação da economia o ajuda até certo ponto nas menores faixas de renda.
Ou seja, ainda que em desvantagem, Bolsonaro está conseguindo falar com essa mulher pobre e evangélica. Dois outros fatores prometem ajudar a chegar ao 2.º turno. O primeiro é especulativo: apesar de a preferência de voto parecer bastante consolidada, um contingente estimado em até um terço dos “decididos” estaria disposto a mudar o voto.
Além disso, ocorreu nos últimos dias um
relativo crescimento das candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet. Que diminuiu
consideravelmente a probabilidade de Lula liquidar a fatura no 1.º turno (algo
que nunca conseguiu) e, com isso, altera de forma substancial para Lula o que
vem depois.
Na noite de 2 de outubro ele já saberá o
tamanho da encrenca chamada Centrão. A mulher pobre e evangélica não tem muita
noção disso, mas nesse domingo ela já determinou também o tamanho das bancadas
parlamentares, pelas quais tanto se empenharam os caciques dos partidos. E com
quem Lula terá de negociar não só para garantir a vitória final quatro domingos
adiante, mas por muitos e muitos domingos vindouros.
É esse cenário, e não tanto um golpe, que
atormenta o comando do PT. Lula continua dizendo (como outros candidatos
também) que “vontade política” e “capacidade de negociação” o fariam
contrapor-se ao notável avanço do Legislativo sobre o Executivo em questões de
orçamento, no qual não há espaço para cumprir promessas, e que são instrumento
real de poder.
Lula tem mostrado enorme apego, por razões
político-eleitoreiras, a um passado que é no seu conjunto apenas imaginação. O
risco disso vai para quem comprar a promessa de restaurar aquilo que não foi.
Para Lula, o grande risco trazido pela própria imaginação é acreditar que pode
iniciar uma eventual Presidência em 2023 mandando tanto quanto mandava em 2003.
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2 comentários:
A candidatura do ladrão se dissolve no ar, por mais que o DataFolha tente inventar uma realidade favorável , a cúpula do PT já viu que a coisa está indo de mal a pior A última pesquisa do Instituto futura já mostra Bolsonaro a frente com 41,1% e Lula 36,7%, e é só o começo , pode Jair se acostumando , o presidente vai ser reeleito , possível até ganhar no primeiro turno , vocês todos vão ficar desesperados
Estou pagando e esperando pra ver
O povo lembra com saudade do governo Lula.
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