O Globo
A história recente tem mostrado que o
Brasil tem plenas condições de combater a pobreza, mas simplesmente não quer
Dois governos, de espectros políticos
distintos, mentiram para nós no ano de 2022.
Em julho, o Congresso aprovou uma PEC para
ter uma injeção no Orçamento de R$ 41 bilhões, com a justificativa de combater
a fome no Brasil. Seis meses depois, há um novo furo no teto de gastos de mais
R$ 145 bilhões, sob o argumento de socorrer os mais vulneráveis.
Segundo a Instituição Fiscal Independente
(IFI), o aumento do Bolsa Família elevaria o custo em R$ 51,8 bilhões. Ora, e
os R$ 93,2 bilhões para onde vão?!
É preciso deixar uma coisa clara: não falta
dinheiro para o governo combater a pobreza, mas sim vontade efetiva.
Talvez por isso, José Guilherme Merquior disse em 1987 que “a verdade é que temos, ao mesmo tempo, Estado de mais e Estado de menos”. Prova disso é que, segundo o relatório de 2021 sobre o Panorama Social da América Latina, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), antes da pandemia, em 2019, 22,5% do PIB brasileiro era dedicado a gastos sociais.
Sabendo que o PIB brasileiro na época foi
de R$ 7,389 trilhões, quer dizer que o governo gastou quase R$ 1,7 trilhão com
questões sociais no período. E, considerando que, entre os anos de 2010 e 2020,
o Brasil foi o país que mais aumentou as despesas públicas com questões sociais
na América Latina (27% ao ano), nem o teto de gastos teria a possibilidade de
impedir, por si só, o combate à pobreza.
Falta, no entanto, enfrentar seriamente o
tema. Para tanto, não é necessário abrir mão da responsabilidade fiscal. O
presidente do Chile, abertamente de esquerda, declarou que isso não é coisa de
direita, mas sim um meio concreto para a efetivação dos direitos sociais.
Temos de aproveitar a existência do Projeto
de Lei 5.343/2020, que determina como objetivo do Estado brasileiro reduzir a
taxa geral de pobreza para 10% da população em três anos, a partir do dia da
entrada em vigor dessa Lei de Responsabilidade Social.
Caso consigamos nos comprometer
genuinamente com a pauta, a taxa de extrema pobreza também pode cair para 2% da
população no mesmo período. À época da propositura do projeto, 24,7% da
população brasileira encontrava-se na pobreza e 6,5% na extrema pobreza.
O projeto propõe a fusão dos programas
Salário Família, Abono Salarial, Seguro Defeso e Bolsa Família. Dessa maneira,
haveria um redesenho criando (i) a renda mínima para extremamente pobres; (ii)
uma Poupança Seguro Família para trabalhadores de baixa renda, incluindo
informais; e (iii) uma Poupança Mais Educação, para jovens que terminarem o
ensino médio e passarem a integrar o mercado de trabalho.
Outra proposta interessante é a facilitação
do acesso aos dados, por meio de um cadastramento único das pessoas que são o
foco desse novo planejamento.
A verdade é que a História recente tem
mostrado que o Brasil tem plenas condições de combater a pobreza, mas simplesmente
não quer. Assim seguimos o grito do alarmista que queima bilhões de reais todas
as vezes. Nenhum povo quer seu país com fome e na miséria. Temos uma proposta
séria e concreta para mudar esse jogo, mas infelizmente seguimos caindo no
conto dos populistas de todas as direções.
3 comentários:
Concordo plenamente com o Sr. E digo mais, se pegassem o dinheiro do roubo desses políticos ladroes, essa fome revoltante já teria sido extinta. Dinheiro para roubar e proporcionar uma vida luxuosa para esses cafajestes e famílias de políticos esse , pode ter certeza, nunca vai faltar. A vergonha sai por um lado e os patifes chegam por outro abocanhando o seu quinhão e o povo que aguente sem pirão .
Falou e disse!
"Mentira, pobreza e orçamento"
Vindo de quem vem...
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