Folha de S. Paulo
Congresso deveria desestimular crimes e
esculhambação como método político
A primeira geração da bancada bolsonarista
fez barulho quando chegou ao Congresso, em 2019. Os parlamentares usavam seus
mandatos para chamar atenção nas redes, ofender opositores, ameaçar a
democracia, apresentar projetos que intimidavam minorias e formar
uma tropa de choque digital a serviço do então presidente Jair
Bolsonaro.
Os novatos foram recebidos com uma boa dose de tolerância pelos congressistas que davam as cartas na Câmara e no Senado. Alguns cardeais entendiam que aquela turma era exótica, mas não tinha volume suficiente para fazer estragos significativos. Outros consideravam que não era conveniente se afastar de um grupo alinhado ao Planalto.
O próprio centrão se associou à bancada de
raiz bolsonarista quando começou a gerenciar uma maioria pró-governo,
principalmente na Câmara. Os deputados eleitos de carona com Bolsonaro ajudavam
nas votações enquanto continuavam usando os plenários e comissões como
playgrounds ideológicos.
Os bolsonaristas de segunda geração
extraíram da delinquência e da avacalhação novos dividendos eleitorais —e
decidiram aperfeiçoar essas práticas. Na quarta-feira (8), o deputado mais
votado do país vestiu uma peruca e fez um ataque a
mulheres trans no plenário da Câmara.
O episódio de transfobia forçou uma reação
do establishment político, mas há um cheiro de hesitação no ar. O presidente da
Câmara, Arthur Lira, manifestou uma "reprimenda pública" ao
parlamentar, mas não deu pistas da punição que ele pode sofrer. Dirigentes de
partidos falam em advertência e consideram
uma cassação pouco provável.
Uma resposta rigorosa seria importante, em
primeiro lugar, para desestimular a prática de crimes dentro do plenário e o uso
da esculhambação como método político.
Mas o caso também cria a oportunidade de
isolar o bolsonarismo radical num momento em que ele se mostra fragilizado e
distante do poder. A missão deveria interessar inclusive aos oposicionistas
racionais.
2 comentários:
Os novos canalhas... Sempre é possível piorar a humanidade, e o bolsonarismo se esforça muito neste sentido!
Segunda geração de canalhas, é verdade. O cadáver do genocida nem esfriou e já tem sucessores canalhas. Paspalho morto, paspalho posto.
Comparem com Lula. Enterrado vivo, ressuscitou. É enorme a diferença.
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