quinta-feira, 14 de março de 2024

Maria Hermínia Tavares* - Nem tudo é polarização

Folha de S. Paulo

Ideia de polarização serve antes para confundir do que para esclarecer

O trauma produzido pelo realinhamento político da centro-direita em torno da liderança extremista de Jair Bolsonaro hoje induz mais de um analista a encarar os resultados das sondagens, quaisquer que forem, pelas embaçadas lentes da polarização política.

Segundo esse enfoque, tanto a amplíssima coalizão que sustenta o governo Lula quanto a oposição bolsonarista, tidas como radicais em igual medida, aprisionaram os brasileiros em dois polos irredutíveis. A tese fraqueja diante de um governo moderado a ponto de ter José Mucio Monteiro Filho (PRD-PE) e André Fufuca (PP-MA) entre seus ministros e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) entre seus aliados.

Eis por que a ideia da polarização serve antes para confundir do que para esclarecer. Basta ler as interpretações das primeiras enquetes sobre a competição pelas prefeituras.

Na primeira pesquisa Datafolha, há pouco divulgada, em São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) aparecem praticamente empatados, com cerca de 30% das preferências. O resultado atestaria a permanência da suposta polarização nacional, fruto do empenho do presidente Lula e do antecessor Bolsonaro em medir forças no território paulistano.

Levantamentos de opinião mostram a preferência revelada por este ou aquele candidato. Como os próprios números das urnas, não dão a conhecer as razões da escolha feita pelos eleitores, um a um —se votou comparando o desempenho dos candidatos; se foi influenciado pelo líder político em quem confia; pelos colegas de trabalho; pela família; pelo pastor da igreja que frequenta.

O Datafolha mostra de fato uma opção precoce pelos dois contendores. No passado, isso ocorria mais perto do dia do voto. Agora, o resultado pode se dever tanto à influência dos seus padrinhos nacionais ou, mais provavelmente, à circunstância de serem mais conhecidos do público, levado a decidir entre Nunes e Boulos já em 2022.

De fato, a permanecerem eles favoritos, terá se confirmado o enraizado padrão de competição municipal que desde 1985 opõe centro-esquerda a alguma expressão da direita. A partir de 1988, o PT ocupou aquele nicho, enquanto seus opositores eram conservadores de diferentes estirpes. Jânio Quadros, em 1985, e Paulo Maluf, de 1988 a 2000, deram clara feição populista à direita. A partir de então, o espaço do antipetismo foi ocupado por candidatos de centro-direita do PSDB ou MDB que herdaram os eleitores malufistas ao tempo em que incorporavam temas caros ao populismo reacionário.

Talvez esta seja só mais uma encenação de peça de há muito em cartaz na metrópole paulista.

*Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

PELA ANÁLISE DESTA CRÍTICA DE TEATRO, Mª HERMÍNIA, TALVEZ A PEÇA ATUALMENTE ENCENADA SEJA SÓ UM BRINQUEDINHO, UMA DIVERSÃO

" Talvez esta seja só mais uma encenação de peça de há muito em cartaz na metrópole paulista. "
......................Mª Hermínia Tavares

■■No teatro político brasileiro vivemos a encenação perigosa de uma peça entre dois populistas que usam o poder no Brasil para apoiarem interesses de ditaduras e seus ditadores e até terroristas, enquanto aqui não conseguem hegemonia para exercerem o poder se não dentro das regras democráticas.

■Na peça atual, durante toda a encenação o elenco de um lado e do outro do palco grita que é democrático e que o outro lado não é. Mas é tudo encenação e parte da plateia que conhece um pouco melhor o teatro e que não gosta de antiliberais e antidemocratas sabe que tudo é uma farsa e que os atores principais atuais, Lula e Bolsonaro, estão enganando.

■Na peça anterior, da qual a peça atual é continuação, um lado do palco era ocupado por personagens sérios, que tinham um projeto e sabiam implementá-lo, mas neste teatro macabro eles foram atacados por mentiras, leviandades e ódios inventados pelo lado de Lula da Silva até que esses atores que faziam personagens sérios foram absurdamente destroçados pela Companhia PT de Teatro e na sequência da peça foram substituídos pelo ator-diretor Jair Bolsonaro, que agora divide o palco com Lula da Silva.

Anônimo disse...

UM TEATRO MACABRO

■■O exercício eleitoral de populistas é um teatro macabro. A peça que encenam é sempre uma manipulação sobre os destinos da assistência, sendo que muito da obra é ensaiada com a colaboração de parte da plateia-fã dos populistas.

Como é um teatro feito de improviso, por o populista nem se dar à obrigação de ter um roteiro para a sua peça, muitos espectadores não entendem direito o que estão vendo no palco mal iluminado da política dos macabros populistas.

■Mas não precisa ser um frequentador muito assíduo deste teatro para conseguir ver no escuro a peça encenada.

■■Nesta peça que a crítica teatral Maria Hermínia descreve os atores principais, Lula e Bolsonaro, estão interpretando dois populistas. Eles são péssimos atores, mas interpretam muito bem o papel de populistas, incorporando os dois perfeitamente os seus personagens.


A PEÇA ANTERIOR -da qual esta atual é continuação- O TEATRO ENCENADO ERA ENTRE O POPULISTA LULA CONTRA OS DEMOCRATAS
*Spoiler: O populismo vence no final.

■■Antes de Bolsonaro havia uma trupe mais profissional, mas a peça ensaiada antes era de o grupo do ator Lula da Silva matar os bons atores que estavam no palco, embora naquela peça ele e seu grupo eram razoavelmente bem tratados pela outra parte.

Há os que dizem que têm saudade da peça anterior, porque seria uma encenação mais calma. NÃO ERA UMA ENCENAÇÃO CALMA::
■Queimavam pneus, derrubavam vitrines, destruiam portas de Bancos, invadiam terras e dependências de órgãos públicos e xingavam, xingavam, xingavam o outro lado do elenco, xingavam de Corruptos, de Ladrões de Merenda... xingavam de tudo. E contavam mentiras sobre os personagens melhores, roubavam suas falas no correr da farsa... até que os espectadores fossem envolvidos emocionalmente e passassem a antipatizar com os atores que encenavam personagens que eram melhores políticos e bons técnicos e que de tão levianamente xingados acabaram morrendo ou expulsos do palco.

Anônimo disse...

O NOVO ACABOU E AO NOVO SE SEGUIU O VELHO
=》O Brasil é uma luta entre cretinos em uma eterna corrida para dar o golpe.

■■Aquela peça antiga acabou, mas se o grupo do ator-diretor Lula da Silva tem saudades daquilo, os atores que eram seus adversários no palco não têm saudade nenhuma porque aquela era uma peça em que eles eram mortos ou marcados como inimigos do povo, quando os personagens que eram os verdadeiros inimigos do povo, os que derrubavam o teto das escolas, deixavam aumentar a insegurança nas ruas e saiam correndo com o dinheiro da cidade era o grupo de Lula.

E na peça o grupo de Lula ainda corria com os sacos de dinheiro roubado e ao mesmo tempo eles mesmos gritavam:: "Pega Ladão!", "Pega Ladrão!".

A CRÍTICA Mª HERMÍNIA E O TEATRO QUE ELA DESCREVE

■■A crítica de teatro Maria Hermínia Tavares descreve um teatro onde a peça atual encenada é uma peça política de frente ampla de democratas mansos e ideologicamente de Centro combatendo extremistas de Ultra-Direita.

■E Mª Hermínia dá os nomes de parte do elenco::
●José Mucio,
●André Fufuca,
●Rodrigo Pacheco.

■No palco há atores mais importantes que estes::
●Davi Alcolumbre,
●Arthur Lira... vários, mas os mesmos são reciclados para um e outro lado.

■■■Não sei o porque de Mª Emília esconder uma parte do elenco, sendo que é uma parte tão ou mais importante do que a parte que ela citou. Mas há uma reflexão a fazer, como em toda farsa teatral a que assistimos::
■Os personagens, todos, que Maria Emília elenca como parte de uma Frente Democrática na peça, são os mesmos que no ato anterior desta mesma peça estavam no lado que ela diz representar o Extremismo, o lado Bolsonaro deste teatro.
=》A Lula da Silva se juntou um grupelho que antes já era do PT e que como o próprio PT os agredia eles haviam se afastado um pouco do PT sem sair do palco.

De personagem nova nesta farsa só tem a atriz Simone Tebet. Essa sim, encenou com os Verdadeiros Democratas que sobraram depois de o ator-diretor Lula da Silva e seu entorno ter dizimado os outros democratas com o uso de ódio, mentiras e leviandades (puro teatro, mas em uma peça que o palco vira o real) e no seu papel anterior teve uma fala em que a atriz Simone Tebet fala claramente para Lula da Silva, na frente da plateia, que o diretor-ator é corrupto. Ela agora ocupa o espaço do palco ao lado do Lula da Silva que ela sabe que é corrupto.

Teatro, gente, teatro!

■Mas, da análise da peça feita por Mª Herminia, como ela analisa que a peça é uma luta entre um grupo de Centro contra Extremistas de Direita, mas o diretor-ator Lula da Silva e seu grupo fixo é ligado a ditadores e terroristas, como também o ator-diretor Jair Bolsonaro é ligado ao mesmo tipo de personagens. E como a maior e mais importante parte do elenco avulso que agora é do Lula é a mesma que no ato anterior era de Bolsonaro, eu penso que cabe à crítica deste teatro fúnebre definir::

=》Ou tanto Lula da Silva como Jair Bolsonaro representam extremistas disfarçados, um se dizendo Democrata de Esquerda e outro se dizendo Democrata de Direita, e os dois são apoiados pela mesma trupe de mambembes que encenam qualquer peça, embora Mª Hermínia lhes dê a classificação de serem de Centro e de serem democratas quando estão com Lula e não com Bolsonaro.

=》Ou, como o que encenam é a mesma peça e o mesmo elenco de apoio, então os dois, Lula e Bolsonaro, são os dois igualmente de Centro e democratas.

■■Para mim esses dois atores bem vagabundos são apenas populistas aproveitadores que quando ganham cachês melhores de ditadores não se importam de se apresentarem alegremente nos seus palcos. Mas há, sim, gente perigosa por trás dos dois personagens, eles mesmos muito perigosos para a democracia pela força que têm.

Edson Luiz Pianca
Xuítter:: edson_pianca

ADEMAR AMANCIO disse...

Coxinha e mortadela,saudade daquele tempo,eu adoro os dois petiscos,rs.