sábado, 25 de janeiro de 2025

A meritocracia do centrão - Catia Seabra

Folha de S. Paulo

Iminência de uma reforma ministerial aguçou o apetite no Congresso

Expoentes do centrão fizeram chegar ao Palácio do Planalto reivindicações para um novo ministério de Lula com a promessa de um armistício nos últimos dois anos de seu mandato.

A lista inclui postos estratégicos, como o ministério do Bolsa Família e o responsável pelas nomeações e distribuição de emendas.

Leia-se "Lula tem que substituir ministros", alguns dos quais gosta, em nome da governabilidade—quiçá de uma aliança para 2026. O critério das indicações nem sempre é dos mais meritocráticos.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um dos indicados. Para ele, reivindicam o Ministério da Agricultura. Uma das justificativas é que Lira daria menos dor de cabeça dentro do governo do que de volta à planície do Congresso.

Defensores da nomeação acenam com a perspectiva de neutralidade de seu partido na corrida presidencial. O PP já foi agraciado com um ministério (Esportes) e a Caixa Econômica Federal. Ainda assim, está na oposição. Mas pode vir a ser neutro se Lira for nomeado.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, teria de ser demitido para acomodar Lira. Ele é apontado como um dos queridos de Lula. Só que a bancada de seu partido, o PSD, já o rifou e pleiteia o Ministério do Desenvolvimento Social para seu líder, Antonio Brito. Simpatizantes da ideia alegam que um dos sonhos de Brito é comandar a pasta, encarregada pelas políticas sociais e, por isso, cara ao PT.

Assim como no caso de Lira, parlamentares defendem que o presidente do SenadoRodrigo Pacheco (PSD-MG), seja prestigiado após deixar o cargo. Especialmente se decidir disputar o governo de Minas Gerais. Para Pacheco, propõem o Ministério de Minas e Energia.

Pacheco e seu potencial sucessor, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), informaram o governo que não se sentem mais representados por Alexandre Silveira na pasta de Minas e Energia —com quem travam disputa por agências reguladoras do setor.

Silveira é apontado como um dos favoritos de Lula. Mas a iminência de uma reforma ministerial aguçou o apetite no Congresso. Lula terá que encarar ou demitir ministros por um pouco de paz em 2025.

Houve boatos de que, com o novo comando do Congresso, o presidente estaria na melhor. Se isso é estar na melhor...

 

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