Embora ainda faltem 20 meses para as eleições, o calendário
político reverso impõe a tomada de algumas decisões partidárias já no primeiro
semestre de 2025. Não se constrói novos partidos ou federações partidárias da
noite para o dia.
Um dos grandes motores das possíveis mudanças é a progressão da chamada “cláusula de desempenho partidário”. Só terá existência nacional efetiva, a partir de 2027, com acesso ao horário de rádio e TV e ao Fundo Partidário, o partido ou federação que fizer ao menos 2,5% dos votos válidos para a Câmara de Deputados ou eleger pelo menos 13 deputados federais. Embora não seja uma “cláusula de barreira” tão rígida como a existente na Alemanha, onde o partido que não alcança 5% dos votos nacionais simplesmente não ganha representação no parlamento, a “cláusula de desempenho” brasileira tem exercido um efeito positivo na racionalização de nosso pulverizado sistema partidário e de representação parlamentar.
As federações partidárias, que configuram um instituto mais avançado
do que as antigas coligações proporcionais, têm significado mais eleitoral e entre
as elites partidárias. Já a fusão, que tenha o mínimo de densidade programática,
tem efeitos muito mais relevantes na sociedade.
Duas variáveis estratégicas para 2026 ainda não estão claras:
Lula será candidato à reeleição? Bolsonaro terá condições jurídicas de se
candidatar? Isto amarra bastante o jogo. Mas os partidos não podem ficar imobilizados.
Na extrema direita destaca-se o PL e a figura de Bolsonaro.
Têm tempo na mídia e recursos financeiros suficientes para bancar uma
candidatura. Atrairá aliados a depender de quem será o candidato e da
popularidade do governo Lula. Corre que mesmo inelegível, Bolsonaro será
candidato com alguém da família na vice. Lula fez isso com Fernando Haddad em
2018. Até o TSE cassar o registro. Surgem nomes alternativos: Pablo Marçal,
Gustavo Lima e Romeu Zema. Outros governadores de centro-direita sonham com o
apoio do ex-presidente.
Na centro-direita, fala-se em uma federação entre União
Brasil, PP e Republicanos. São setores pragmáticos que dificilmente terão
candidatura própria à Presidência da República, embora o governador Ronaldo
Caiado coloque seu nome.
No campo do centro, o PSD é misterioso, já que tem fortes
ligações com o governador de São Paulo e três ministérios no Governo Lula.
Kassab, seu presidente, tenta atrair o PSDB para uma fusão. Já o MDB deverá
manter a tradição de marchar desunido nas eleições presidenciais e também tenta
atrair o PSDB para uma fusão. Já o PSDB, que reduziu sua importância e tamanho,
dispõe de três alternativas: uma fusão com um partido maior (MDB ou PSD), uma
fusão com pequenos partidos (Podemos e Solidariedade) e uma hipótese
minoritária em função do antilulismo predominante que seria uma fusão de centro
esquerda com PSB, PDT, PV, Cidadania, retomando suas raízes. PSB, PDT, PV e
Cidadania poderão erguer uma nova alternativa de centro-esquerda, no campo
social-democrata.
Na órbita da esquerda, a grande questão é se Lula será ou não
candidato e as alternativas ao seu nome. Não há planos de fusão ou ampliação das
federações.
Na política partidária, 2025 promete!
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