sexta-feira, 22 de maio de 2009

Para governo, PMDB quer minar Dilma

Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
DEU EM O GLOBO

Partido incentiva discussão sobre possibilidade de terceiro mandato

BRASÍLIA. Há forte desconforto no Planalto com articulações de integrantes do PMDB para tentar aprovar emenda constitucional que permita o presidente Lula disputar o terceiro mandado. A avaliação do núcleo do governo é que o PMDB trabalha para enfraquecer a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A tese do terceiro mandato como alternativa para 2010 fragiliza a candidatura presidencial da ministra. O autor da emenda é o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), que está recolhendo assinaturas. Mas auxiliares do presidente Lula já identificaram que esta articulação tem aval dos caciques.

Para o Planalto, foi a forma encontrada por líderes para fortalecer o PMDB não só nas negociações por espaço no governo, como nos debates de 2010. No PT, a reação foi mais forte. O entendimento é que ao tentar desestabilizar a candidatura de Dilma, o PMDB cria condições para uma alternativa e ensaia um discurso para abandonar o palanque petista.

O projeto de lei do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que fixa em até seis meses antes da eleição (no caso, março de 2010) o prazo de filiação dos candidatos, foi visto no governo como estratégia para tentar atrair para o PMDB o governador Aécio Neves (PSDB-MG) e ter uma alternativa no cenário de imprevisibilidade da candidatura de Dilma. Aécio descartou usar essa brecha para mudar de partido.

O líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN), negou o apoio à tese do terceiro mandato, mas pediu uma conversa com Lula assim que ele voltar do exterior:

- Queremos discutir qual é a prioridade do PT. É a candidatura presidencial com o apoio do PMDB? Se não for (discutida) assim, morre ali a aliança.

Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, descartou a possibilidade de realização de um plebiscito para permitir a Lula disputar novo mandato:

- As informações que temos é que a Dilma está fazendo um tratamento de quimioterapia, e está respondendo bem. Ela está muito otimista, tranquila e permanece sendo, sem a menor sombra de dúvida, a nossa pré-candidata, a presidente.

Colaboraram Adriana Vasconcelos e Eduardo Rodrigues

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