sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Todos contra um Índice:: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Não bastasse estar há dois anos em campanha para Dilma, Lula agora coloca o governo inteiro ostensivamente à disposição da candidata. Entrou no vale-tudo.

Foi só os candidatos botarem a cara (e as ideias, táticas, erros e acertos) no horário nobre da principal TV do país, e lá está Lula intensificando o ataque e a defesa de Dilma. Quando ele dá uma bronca e manda os ministros trabalharem, leia-se: trabalharem para Dilma.

A primeira parte da estratégia foi a tabelinha entre o discurso da candidata e a "agenda positiva" do governo, forçando uma coincidência entre o que ela fala e o que os ministros anunciam ou requentam.

Exemplo: o Ministério do Trabalho anunciou o total de empregos gerados em 2009 justamente no dia do debate da Band.

A segunda parte da estratégia foi a divulgação ostensiva de dados que confrontam os governos FHC e Lula, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, subestimando os dados de um, superestimando os do outro e servindo de garoto-propaganda da campanha petista.

Exemplo: um dos quadros de Mantega, segundo o repórter Gustavo Patu, informa que a média de crescimento dos oito anos do tucano foi de 3,5%, mas não considera o primeiro ano, que aumenta esse percentual para 6,2%. De 6,2% para 3,5%, assim, na cara dura.

A terceira foi botar os ministros e seus assessores, pagos com dinheiro público, para monitorar tudo o que Serra faz e "desconstruir" os dados, o discurso e a imagem de bom gestor do principal adversário.

Exemplo: o Ministério dos Transportes produz a contestação a dados expostos por Serra e joga nos sites amigos e na campanha.

Imagine-se agora se FHC pusesse Pedro Malan, Pedro Parente e duas dezenas de ministros para fazer a campanha de Serra contra Lula em 2002? Seria um escândalo.

É a ética da luta sindical: contra eles, não pode, é escândalo; contra os outros, sempre pode tudo.

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