• Às vésperas da votação do 1º turno, que ocorre neste domingo, 5, opositores escancaram suas estratégias para tentar chegar à 2ª etapa da disputa contra Dilma; presidente diz que não tem preferência por oponente, mas dirige as críticas aos tucanos
Luciana Nunes Leal, Valmar Hupsel Filho, Ricardo Galhardo, Pedro Venceslau, Marcelo Portela e Suzana Inhesta - O Estado de S. Paulo
Os três principais candidatos à Presidência explicitaram nesta sexta-feira, 3, penúltimo dia de campanha antes da votação do 1.º turno, as estratégias adotadas na reta final desta disputa.
Em segundo lugar nas pesquisas - tem 24% das intenções de voto, segundo o Ibope -, Marina Silva dirigiu seus ataques a Aécio Neves. O tucano, que se mantém com 19%, mas vem se aproximando do 2.º turno com a queda da candidata do PSB, fugiu da polêmica, já de olho em futuros acordos. Dilma Rousseff, líder da corrida ao Planalto com 40%, disse não ter preferência por adversário numa segunda etapa da campanha. Porém, quando falou publicamente, dirigiu suas críticas ao PSDB, tradicional rival.
Marina cumpriu agenda no Rio de Janeiro. Ao lado do candidato a vice, Beto Albuquerque, e da coordenadora de seu programa de governo, Neca Setubal, percorreu ruas da Tijuca, na zona norte, em um jipe aberto. “Que cada um ganhe mais um voto para que a onda verde e amarela tome conta do Brasil”, discursou a ex-ministra, num rápido pronunciamento. “O outro candidato é acostumado a perder para o PT”, disse, em referência a Aécio.
Em entrevista assistida por vários admiradores, que a aplaudiram em alguns momentos, Marina disse ser a única capaz de derrotar Dilma e quebrar a polarização PT-PSDB. “O PT quer o PSDB e o PSDB quer o PT. Eles se acostumaram, há 20 anos vão para o 2.º turno, um ganha, outro perde. Agora tem uma terceira força, chamada sociedade brasileira, que identificou no nosso projeto a forma de mudar, com respeito aos brasileiros, mantendo as conquistas, sem complacência com a corrupção, com a incompetência, com o desrespeito aos brasileiros.”
Favelas. Aécio esteve em sua terra natal para visitar quatro das maiores favelas de Belo Horizonte. Os locais - Pedreira Prado Lopes, Aglomerado do Cafezal, Morro do Papagaio e Cabana do Pai Tomaz - foram tomados pelos cabos eleitorais. As quatro favelas são tradicionais pontos de tráfico de drogas da capital.
A Pedreira, primeira a ser visitada, tem, inclusive, a mais conhecida cracolândia da cidade, mas nesta sexta os usuários que diariamente ocupam o local haviam desaparecido. Para a visita, a segurança de policiais militares foi reforçada. Apesar disso, vários moradores fumavam maconha na passeata.
Aécio estava acompanhado dos candidatos do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, e ao Senado, o ex-governador Antonio Anastasia. Na Cabana do Pai Tomaz, três estrondos assustaram os candidatos durante a caminhada. Um deles fez Aécio se abaixar, assustado. Segundo a Polícia Militar, nenhuma ocorrência foi registrada nos locais.
Em entrevista, Aécio evitou confrontos com Marina. “Tenho que ter enorme respeito por todas as candidaturas, em especial pela candidata Marina Silva, que disputa de forma extremamente competitiva a possibilidade democrática de estar no 2.º turno. (Mas) Só falarei de 2.º turno na hora que o resultado for anunciado”, afirmou.
Por outro lado, o tucano reiterou os ataques a Dilma. Ele reforçou as denúncias de uso dos Correios em benefício da candidatura da presidente. Aécio disse que correspondências eleitorais enviadas pela Força Sindical, central sindical que é sua aliada, para aposentados em São Paulo, Minas e no Rio de Janeiro não foram entregues aos destinatários.
Cristal. Em São José dos Campos, no interior, Dilma rebateu as acusações de aparelhamento dos Correios, tentando afastar a ideia de que o partido domina os cargos na estatal e em outras áreas do governo . “No governo federal, 67% dos cargos de comissão são exercidos por funcionários públicos. Isso significa que apenas 23% dos cargos de comissão é de livre nomeação. Não acredito que ocorra isso nos governos estaduais do PSDB”, provocou.
Questionada, a petista disse “não ter preferência” por adversários no 2.º turno. Depois, numa agenda no centro da capital paulista, Dilma ganhou e vestiu um colar de cristal oferecido por um artesão hippie que vende seus produtos na calçada da Praça da República. Ele disse que o cristal tem como função energizar a candidata e “todo o País”.
Antes de a presidente chegar à praça, dois ovos foram jogados de um prédio na esquina da Rua Marconi, sujando jornalistas que aguardavam a comitiva. Por causa disso, a equipe de campanha foi obrigada a colocar um teto de vidro sobre a caçamba onde Dilma desfilou ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na hora de dar entrevista, Dilma reclamou do cansaço. “Eu não descansei muito não, fiz duas agendas. Mas a minha voz é que continua a mesma”, queixou-se a presidente. Apesar disso, ela falou mais de dez minutos sobre a Petrobrás - alvo de suspeitas de corrupção - e realizações do governo na área da saúde, mas se recusou a responder perguntas, alegando estar sem voz. “Isso é excesso de uso, fiz já um treinamentozinho, mas excesso de uso faz isso. E peguei também um laringite, mas não estou tomando remédio, porque não estou com dor. Prefiro tratamento homeopático.”
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