• 'Passeio a carro aberto' tinha apenas dois veículos além dos carros da comitiva
• Principais nomes da sigla no Estado, como Romário e Amaral, faltaram ao seu último evento de campanha
Adriano Barcelos – Folha de S. Paulo
RIO - O último evento de campanha de Marina Silva (PSB) no Rio expôs a falta de apoio à candidata no Estado.
Na tarde desta sexta (3), nenhum dos líderes do PSB acompanhou um passeio em carro aberto feito por ela e pelo candidato a vice, Beto Albuquerque (PSB), em um trajeto de menos de um quilômetro na Tijuca, zona norte.
Nem o presidente nacional da sigla, Roberto Amaral, que é do Rio. Nem o candidato ao Senado, Romário. Nem Rubens Bomtempo, vice-presidente nacional do partido e figura constante em outros eventos de Marina na cidade.
Com ela estavam só Carlos Painel, coordenador regional da Rede Sustentabilidade --sigla criada pela candidata, mas ainda não oficializada--, e o vereador Jefferson Moura (PSOL), que se filiará à Rede.
A própria atividade escolhida foi controversa. A agenda oficial chamava para um "passeio em carro aberto". O nome mais popular talvez fosse carreata, mas, conforme Moura, Marina rejeita as carreatas por entender que elas não são "sustentáveis".
Cerca de 50 minutos depois do horário previsto, a atividade começou. Acabou não sendo uma carreata por falta de adesão. A comitiva tinha dois carros: um com Marina e o vice, outro com aparato de som. Outros quatro ou cinco veículos escoltaram a candidata.
Já nos arredores da Praça Saenz Peña, uma das principais da Tijuca, o carro parou no trânsito próximo a uma feira de artesanato. Albuquerque tomou o microfone e fez críticas ao governo.
Disse que os rivais Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) têm campanhas milionárias enquanto a de Marina tem apenas "o povo brasileiro". Repetiu várias vezes uma expressão muito comum na política do Rio Grande do Sul, seu Estado de origem: "É a campanha do tostão contra a campanha do milhão".
Do chão, a coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal, educadora e herdeira do banco Itaú, aplaudia e observava o assédio dos eleitores. Solícita, conversava com militantes e se animava com os apoios.
Com a voz enfraquecida, Marina pegou o microfone do vice e discursou por cerca de um minuto. Questionada sobre o avanço de Aécio, que pode tomar seu o lugar de Marina no segundo turno, Neca respondia aos repórteres que não era hora de debater isso.
"Oposicionistas devem se unir, mas vamos cada passo de uma vez", disse.
No fim do trajeto, ainda sobre o jipe e com o microfone na mão para poupar voz, Marina deu uma entrevista coletiva em que apenas ela ouvia as perguntas dos jornalistas, mas as respostas saíam pelas caixas de som amplificadas.
Fez projeções para o segundo turno e insinuou que o PT preferiria enfrentar Aécio. "Com tempo [ de TV] igual, a gente ganha da Dilma", disse. "O PT quer o PSDB, e o PSDB quer o PT. Eles já se acostumaram, em 20 anos, eles vão pro segundo turno e um ganha e outro perde."
Para dissipar as perguntas em torno de um possível apoio ao PSDB em caso de derrota, Marina atacou o tucano.
"A população brasileira está nos levando para o segundo turno e é maravilhoso o que está acontecendo. A manifestação espontânea dos brasileiros sustentou a nossa campanha porque viram que somos a mudança e apresentamos um programa de governo em respeito aos brasileiros, coisa que os adversários não fizeram. Aécio deixou para apresentar nos últimos segundos da prorrogação e ainda pela metade."
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