- Folha de S. Paulo
O jogo político em Brasília tem lembrado a semifinal da Copa: a cada vez que os alemães Renan Calheiros e Eduardo Cunha armam uma jogada, Dilma Rousseff encarna o goleiro canarinho e vai buscar a bola no fundo da rede.
A dupla de ataque do PMDB está prestes a marcar mais um gol, ao tirar da oposição oficial a bandeira do corte no número de ministérios.
A tabelinha começou na semana passada, quando a bancada do partido na Câmara desarquivou uma proposta de emenda constitucional apresentada por Cunha. O texto estabelece um teto de 20 ministérios na Esplanada. Se aprovado, obrigará Dilma a fazer um corte brusco em sua equipe, hoje com 39 pastas.
Em um lance ensaiado, Renan saiu ontem em defesa da ideia: "Está na hora do programa Menos Ministérios. Vinte, no máximo. Menos cargos comissionados, menos desperdício e menos aparelhamento".
Foi o suficiente para jogar Dilma de volta na defensiva. Horas depois, ela anunciou que o governo vai "fazer profundos cortes" e "buscar ineficiência" (sic) em todos os ministérios, mas sem falar em enxugamento.
Mais uma vez, a presidente deve ser atropelada pelo Congresso. A proposta de Cunha pode ser votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Se aprovada, causará forte desgaste político ao governo.
Os 39 ministérios de Dilma são um claro absurdo. O curioso é ver o PMDB em campanha por sua redução. O partido se notabilizou por pressionar todos os governos, inclusive o atual, para obter mais cargos e orçamentos na Esplanada. Neste momento, atua nos bastidores para arrancar a Integração Nacional do PP.
Se seu time estivesse forte, Dilma poderia instar os peemedebistas a dar o exemplo, devolvendo as sete pastas que controla: Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos, Aviação Civil e Assuntos Estratégicos. Na partida atual, é mais provável que a presidente acabe assistindo a mais um gol da Alemanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário