• Projeção do Focus cai a 6,49%, o que abre espaço para cortes maiores na taxa de juros
Marcello Corrêa e Lucianne Carneiro - O Globo
O mercado financeiro voltou a apostar que a inflação encerrará 2016 abaixo do teto da meta estabelecida pelo governo. De acordo com os dados do Boletim Focus divulgado ontem, a mediana das projeções para a alta de preços neste ano caiu para 6,49%. A meta para o índice é 4,5%, com limite de tolerância de dois pontos para mais ou para menos. Para economistas, a melhora nas expectativas mostra que o Banco Central (BC) terá mais espaço para cortar juros no ano que vem e, assim, colaborar para a retomada da atividade econômica.
É a primeira vez, desde novembro de 2015, que os analistas consultados pelo BC preveem inflação dentro do limite de tolerância para este ano. Na semana passada, a projeção era 6,52%. Foi a sexta redução consecutiva.
— Os modelos macroeconômicos estão voltando a funcionar, a recessão está levando à desaceleração da inflação — afirma a economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
José Julio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários, avalia que a melhora nas projeções tem tem pouca influência sobre uma trajetória de inflação que ele já considerava benigna. Ele vê espaço para cortes maiores na taxa de juros e não descarta uma redução de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), em fevereiro. A Selic já sofreu duas reduções, de 0,25 ponto, desde outubro, estando hoje a 13,75% ao ano.
— Se nada de muito relevante acontecer para pior, esperamos 0,5 ponto percentual de queda. E, diria, com chance até de ser um pouco mais, 0,75 ponto, embora não ache que essa seja a probabilidade maior — analisa Senna.
Já o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, pondera que o corte de juros não é suficiente para fazer o país crescer de forma sustentável:
— A capacidade de juros e câmbio influenciarem a economia é bastante baixa. Não são instrumentos de crescimento.
Na avaliação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, essa recuperação aguardada por analistas está cada vez mais clara. Mas ele admitiu que o crescimento médio de 2017 ainda será fraco.
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