• Titular da Cidadania defendeu saída do presidente e durou menos de uma semana
Eduardo Barretto | O Globo
-BRASÍLIA- Menos de uma semana após assumir a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Luiza Ribeiro pediu ontem demissão do cargo. A decisão ocorreu horas após o GLOBO divulgar que ela já havia pedido “Fora, Temer!” nas redes sociais e chamado o Ministério do peemedebista de corrupto.
Ex-vereadora de Campo Grande que não conseguiu se reeleger em outubro, Luiza é filiada ao PPS, sigla do ministro da Cultura, Roberto Freire. O ministro aceitou a demissão. “Na Executiva Nacional me posicionei no sentido de não integramos o governo Temer, em razão de inexistir qualquer liame de construção política. Temer é sucessor constitucional de Dilma. Não temos identidade com esse governo”, escreveu Luiza no Facebook em 23 de maio, já na gestão interina de Michel Temer, completando com: “Fora, Michel Temer. Também não tenho corrupto de estimação”.
Na época, ela pediu ainda a saída de correligionários do presidente, como Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Congresso, e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. A demissão de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro da Secretaria de Governo, foi comemorada: publicou que se sentia “agradecida”.
Luiza também chamou o Ministério de Temer, do qual fez parte por poucos dias, de “corrupto” e “conservador”. Em outro comentário nas redes sociais, declarou: “Aplausos para os que lutam pela volta do MinC. Tem que reduzir absurda máquina pública, mas é preciso entender o que Ministério da Cultura deve ser para um povo absoluta prioridade. Vaias para o Temer que mantém no Ministério sete ministros Lava-Jato, o que não representa esse novo momento. Tem que romper. Precisa enfrentar. Vaias também para a escolha de um líder que para ‘manter a turma sossegada’, não vai edificar”.
A ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural seria responsável pelos Pontos de Cultura, estabelecidos por meio de editais com estados e municípios. Em outubro, nas eleições municipais, ela, numa gravação, chamou um adversário político de “bicha louca”. Luiza, que também cuidaria da diversidade cultural, diz defender a causa LGBT.
O ministro da Cultura afirmou que foi surpreendido com as opiniões expressadas da então secretária, e que o PPS não tem o mesmo posicionamento de Luiza Ribeiro.
— Eu não sabia, fiquei surpreso. Não sigo ela (sic) no Facebook. Eu mostrei a reportagem (do GLOBO) para ela, disse que não seria possível continuar, e ela mesma pediu demissão. Em seguida, liguei para o presidente Temer e informei sobre o ocorrido. Está tudo superado. O PPS não pensa como a ex-secretária — disse Freire.
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