Líder do governo, Jucá diz que ideia é aprovar ‘o que vier da Câmara’
- O Globo
-BRASÍLIA- Mesmo os defensores do “distritão” reconhecem que o novo modelo enfraquece os partidos, e tende a manter os atuais detentores de mandatos, embora estimule a eleição de subcelebridades de fora da política. Mas, apesar das críticas, dizem que não há alternativa a curto prazo. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), um dos defensores do sistema, diz que os danos serão compensados pela vantagem, por exemplo, de acabar com o “efeito Tiririca”, em que candidatos que tiveram poucos votos se elegem na esteira de puxadores de voto.
— O “distritão” enfraquece os partidos, mas representa a vontade do eleitor. Na prática, acaba com as coligações proporcionais e com a criação de partidos que estão nascendo como cogumelos para viver como parasitas de grandes legendas. Ao contrário do que dizem, o “distritão” prejudica quem tem mandato, porque a política está no rés do chão — defende Eunício Oliveira.
RENOVAÇÃO EM XEQUE
Um dos autores da proposta de adoção do voto distrital misto, o senador José Serra (PSDBSP), diz que resolveu apoiar o “distritão” como modelo de transição em 2018, porque não houve consenso para aprovar agora outro modelo.
— O argumento principal é a economia. Ao invés de lançar um monte de candidatos, o partido lança só 10 ou 15 competitivos. Estamos vendo se fazemos uma amarração na Constituição para garantir que em 2022 a eleição já seja com o voto distrital misto — disse Serra.
O líder do governo e presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse que a impossibilidade de se adotar já o distrital misto se deve à enorme dificuldade de dividir o país em distritos a tempo da eleição de 2018. Ele disse que o Senado aprovará o que for votado na reforma política da Câmara.
— Não sei o que vai sair da Câmara. Cada deputado vai votar pelo modelo que lhe dê melhor condição de se reeleger. O que vier da Câmara, aprovaremos no Senado — disse Jucá.
Defensor da lista fechada, o líder do PT, Carlos Zarattini, diz que o “distritão” é o pior modelo possível. Para ele, se for aprovado, não permitirá renovação do Congresso, já que os partidos, em vez de fazerem chapas com dez ou mais candidatos a deputados, farão com dois ou três no máximo, justamente aqueles que já são parlamentares e têm a maior chance de se elegerem.
— Não vai ter chance de ninguém novo entrar. É o melhor modelo para manter tudo como está. É o modelo mais conservador. Não haverá renovação alguma — pontuou.
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