quarta-feira, 5 de julho de 2017

Denúncia não pode paralisar reforma, diz Alckmin

Por Fernando Taquari e Carolina Freitas | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em mais um aceno ao governo Michel Temer, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente pemedebista pelo crime de corrupção passiva não pode ser usada como pretexto para adiar o avanço da reforma trabalhista no Congresso Nacional.

"Você não pode parar as instituições por causa disso. As coisas precisam caminhar", disse o tucano após participar da cerimônia de entrega de um trem da linha 11-Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A despeito da pressão da ala jovem do PSDB pelo desembarque, Alckmin tem sido um dos principais fiadores da permanência do partido na base do governo Temer.

Em meio ao fogo cruzado entre integrantes do Planalto e do Ministério Público Federal, o governador reiterou o apoio ao presidente ao afirmar que as investigações são importantes, mas "não podem parar o Brasil". "Você tem que, de um lado, tocar a Lava-Jato e, de outro lado, não prejudicar a economia para as coisas caminharem", ressaltou.

Alckmin, que já foi acusado de irregularidades pelos delatores da Odebrecht, ainda rebateu os ataques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em reunião com petistas, pediu aos correligionários que o governo tucano seja "dissecado". A ofensiva do petista, de acordo com o governador, "mostra que Lula está com 'medinho' ou com 'medão'".

O tucano não comentou a volta de Aécio Neves (PSDB-MG) ao Senado após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou um vídeo nas redes sociais em defesa do Judiciário. A mensagem foi entendida no ninho tucano como um recado aos correligionários que tem se apressado em condenar Aécio. As decisões da Justiça devem ser respeitadas pela população, segundo o ex-presidente, que não citou uma decisão judicial específica.

"Não podemos pensar que a Justiça vai funcionar como cada um de nós quer e nem de forma automática, matemática. Não, ela tem uma margem de manobra. Nem sempre o resultado de uma decisão do Judiciário me agrada ou agrada a quem está me ouvindo. Ou nós aceitamos que a regra é imposta pelo Judiciário ou então quem é que vai por ordem na casa?", indagou FHC.

O líder tucano observou que decisões judiciais são passíveis de interpretação e, portanto, também podem cometer equívocos. "O juiz não pode ir contra fatos nem contra o texto da lei. Isso nos coloca como estamos hoje numa certa perplexidade. Nós, às vezes, achamos que a Justiça errou. E pode ter errado, mas nós temos que obedecer. O norte é a Constituição", disse FHC.

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