sábado, 17 de fevereiro de 2018

Com a incógnita Bernardinho, políticos tradicionais se lançam no Rio

Cenário é dominado por rostos antigos; intervenção federal fortalece Moreira no PMDB

Miguel Caballero / O Globo

A corrida ao Palácio Guanabara repete por ora o panorama nacional: outsiders com dificuldade de se viabilizar, e a maior probabilidade de que estejam na urna em outubro nomes já conhecidos dos eleitores fluminense. Preferido por muitos para encarnar o “novo” na disputa, o técnico de vôlei Bernardinho vive dilema parecido com o enfrentado pelo apresentador Luciano Huck. Filiado ao partido Novo, ele precisa superar a resistência da família se quiser ser candidato.

Os que se lançaram até agora são rostos já conhecidos. O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes tem a opção de ser o candidato do PMDB mas, no momento, recorre de decisão do TRE-RJ que o deixou inelegível por oito anos. Índio da Costa (PSD) já foi três vezes vereador e está no segundo mandato como deputado federal, além de ter sido candidato a vice-presidente da República, em 2010. Ele deixou a gestão de Marcelo Crivella na capital, mas deverá contar com seu apoio na eleição. Outro veterano de eleições no estado é o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido), mais uma vez postulando voltar ao cargo que ocupou entre 1999 e 2002.

Enquanto isso, o mais experiente político do estado vai ampliando seu espaço e influência. Aos 73 anos, o ministro e ex-governador Moreira Franco não será candidato a voltar ao Palácio Guanabara, mas se aproxima cada vez mais de concretizar o plano de retomar o controle regional do PMDB, maior partido no estado, dominado há mais de uma década pelo grupo de Jorge Picciani e Sérgio Cabral.

MOREIRA ARTICULOU INTERVENÇÃO
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira foi um dos artífices da intervenção federal na Segurança do Rio, anunciada ontem. Com Picciani e Cabral na cadeia, agora ele obteve o enfraquecimento político definitivo de Luiz Fernando Pezão, obrigado a ceder ao Executivo federal o poder sobre a área mais sensível do governo fluminense. Apesar do desgaste decorrente das inúmeras denúncias de desvios nos últimos 11 anos no estado, o PMDB ainda é uma poderosa máquina eleitoral — controla muitas prefeituras e tem dinheiro para distribuir às campanhas de candidatos a deputado.

Se concluir a retomada do controle partidário — hoje ainda nas mãos dos filhos de Jorge Picciani e Cabral —, Moreira terá poder de decisão sobre a distribuição da verba partidária entre os candidatos do PMDB-RJ. É provável que um a buscar vaga de deputado federal seja ele próprio. Moreira Franco sabe que dificilmente continuará a ter, em 2019, um amigo de longa data na Presidência da República, o que lhe garante hoje um ministério e, por consequência, o foro privilegiado. Eleger-se deputado 43 anos depois de sua primeira eleição, pelo MDB ainda na ditadura militar, será uma forma de se manter um pouco mais protegido dos inquéritos de que é alvo na operação Lava-Jato.

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