Estratégia do partido é formar aliança de centro, e Alckmin é opção
Gabriela Valente | O Globo
-BRASÍLIA- Embora insista em se manter como pré-candidato ao Planalto pelo DEM, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, terá dificuldades para convencer seus correligionários a manter sua condição de presidenciável a partir de 15 de junho, data considerada “limite” por uma ala importante do DEM para encerrar o assunto e passar a negociar uma aliança eleitoral com um candidato “viável” no campo de centro. Hoje, na avaliação de aliados de Maia ouvidos pelo GLOBO, o nome seria o do pré-candidato tucano Geraldo Alckmin.
— Falando muito francamente, ninguém aposta na candidatura do Rodrigo. Apesar de ser nosso amigo, todo mundo sabe que ele não vai decolar. O prazo do partido para o Rodrigo é dia 15 de junho. Já começou um enxugamento no número de candidatos. O partido está se preparando para fazer um movimento — diz um dos integrantes da cúpula do DEM.
Ontem, o colunista do GLOBO Lauro Jardim revelou que o próprio Rodrigo Maia abriu as portas da residência oficial da Câmara, na quarta-feira da semana passada, para abrigar uma reunião em que presidentes do PP, do PRB, do PSD e do Solidariedade trataram de uma possível união dos partidos de centro para apoiar o mesmo candidato à Presidência da República. E que a opção natural seria Alckmin. Além dos quatro partidos, o grupo negocia a incorporação do PTB e do PR ao bloco, o que ampliaria a capacidade de barganha com candidatos bem posicionados na disputa.
INTENÇÕES VOTO EM 1%
Presidente do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira confirmou ao GLOBO o plano de apoiar o mais bem colocado nas pesquisas.
— Apresentei a proposta de união entre os partidos. Quem estiver melhor, lá na frente, vira cabeça de chapa. Não vamos levar em conta só intenção de voto, mas também a menor rejeição. Esse alinhamento no centro seria bom. Vamos continuar a conversar — disse
Rodrigo Maia lançou sua pré-candidatura no início de março. No último Datafolha, seguia com 1% das intenções de voto. No DEM, ele vem usando sua influência de presidente da Câmara para manter o partido unido no discurso público de que a sua candidatura é para valer. A coisa muda quando os colegas de Maia falam em privado. Um dos integrantes do diretório ouvido pelo GLOBO considera o naufrágio da candidatura de Maia “uma verdade que precisa emergir sozinha”.
— Não precisamos dizer publicamente agora que a candidatura do Rodrigo não seguirá adiante. Tem certas verdades que precisam surgir naturalmente. Não assumimos o desembarque da candidatura do Rodrigo, mas consideramos a candidatura de Alckmin a mais viável no momento. Ele tem um ativo importante, que é São Paulo. Ele tem dois candidatos ao governo do estado (João Doria, do PSDB, e Márcio França, do PSB). Não tem como ele fazer menos que entre 30% e 40% dos votos em São Paulo. Então, ele tem chance.
A avaliação dos caciques do DEM é que o processo sucessório começou a decantar com a saída dos “aventureiros”, como classificam nomes como o do exministro do STF Joaquim Barbosa, e com a retirada do nome do presidente Michel Temer das “possíveis candidaturas”. No lugar de Temer, assumiu a condição de pré-candidato do PMDB o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O exministro é visto com simpatia no DEM porque ele ajuda a resolver um problema dos partidos de centro, que é o fato de terem integrado o governo impopular de Temer. Com Meirelles candidato, o PMDB responderá sozinho por Temer.
Procurado pelo GLOBO para comentar as declarações dos integrantes da cúpula do DEM, Maia afirmou que não iria “alimentar fofoca”. Em meio aos rumores da aproximação do DEM com o PSDB de Alckmin, Maia disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que o casamento entre seu partido e o PSDB está perto do fim:
— Em 2010, a composição foi difícil, e em 2014 deixaram o DEM fora da chapa. Tudo isso mostra que o ciclo está terminando.
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