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Quem não pode, pode
Admitir, ele jamais poderá fazê-lo. Tampouco o ministro Sérgio Moro, da Justiça e da Segurança Pública. Mas o presidente Jair Bolsonaro foi avisado com antecedência de que a Polícia Federal faria uma busca de documentos no apartamento do Recife do deputado Antônio Bivar, presidente do PSL e seu desafeto.
Foi uma madrugada de satisfação para Bolsonaro. Logo ele que costuma queixar-se de insônia e aproveita as madrugadas para se recolher à área do seu quarto no Palácio da Alvorada reservada para guardar roupas e, dali, dispara mensagens pelas redes sociais e às vezes chora com o que lê a seu respeito.
Em obediência aos costumes estabelecidos há muito tempo e em respeito à sua autonomia, a Polícia Federal sempre manteve em segredo as suas atividades. No caso de operações contra estrelados da República, o máximo que acontecia era que a informação só era passada para o ministro da Justiça uma hora antes.
Os costumes foram para o beleléu desde a chegada ao posto do ex-juiz Moro. O próprio Bolsonaro já admitiu em público que teve acesso por meio do seu ministro a dados sigilosos de inquéritos abertos pela Polícia Federal. É o que ele espera que aconteça na órbita do novo Procurador-Geral da República, Augusto Aras.
Ao dar posse a Aras, Bolsonaro lhe pediu que informasse ao governo sobre eventuais irregularidades que possam estar em curso de modo a que tudo possa ser corrigido antes de se transformar em um grande problema. De certa forma, Moro já está fazendo isso no que lhe compete – e também no que não compete.
A farsa da obstrução do PSL
Rebelião para inglês ver
Quando foi posta em votação, no início da noite de ontem, a Medida Provisória 886 assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e que tratava da reestruturação administrativa da Casa Civil e da Secretaria do Governo, fez-se o espanto no plenário da Câmara.
Por meio do seu líder, o Delegado Waldir, o PSL anunciou: “Estamos em obstrução”. Ou seja: o PSL de Bolsonaro, solidário com seu presidente Antônio Bivar, alvo de uma operação da Polícia Federal, negaria seus votos à aprovação da medida.
Juntava-se naquele momento ao PT, PSB, PDT, PSOL e PC do B para derrotar o governo. Waldir está com Bivar e não abre. Satisfeito com seu gesto, até deu uma palmadinha nas costas do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
A obstrução do PSL durou uma hora, se tanto. Não era para valer, era só para dar um susto no governo e evitar que levassem falta deputados do partido que estavam reunidos no gabinete de Waldir discutindo outros assuntos.
A Medida Provisória acabou aprovada com os votos dos deputados do PSL.
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