- Folha de S. Paulo
PGR arquivou às pressas menção a nome do presidente no caso Marielle?
Às 10h49 da última quarta-feira (30), o ministro Sergio Moro (Justiça) enviou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, ofício pedindo à PGR abertura de uma investigação para apurar as circunstâncias do depoimento do porteiro que cita o presidente Jair Bolsonaro no inquérito do caso Marielle.
Àquela altura do dia, o ministro-advogado do presidente da República já tinha tomado conhecimento de informação ainda ignorada: uma notícia fato encaminhada dias antes ao STF pelo Ministério Público do Rio, comunicando a menção a Bolsonaro, fora analisada e engavetada pela Procuradoria-Geral. Horas depois, o próprio Aras viria a público confirmar a decisão, por considerar a oitiva do porteiro um “factoide”.
Questionado mais de uma vez, o procurador-(indicado por Bolsonaro)-geral não lembra nem sabe informar quando se deu o arquivamento. Foi amnésico ao dizer que provavelmente na própria quarta (30) ou, quem sabe, no dia anterior —na terça (29) à noite o Jornal Nacional revelara o conteúdo do depoimento com a citação.
O lapso cognitivo do PGR é conveniente. Divulgar dia e hora do arquivamento, torna patente o açodamento do ato —ocorrido, quem sabe, entre a revelação do JN e o ofício de Moro do dia seguinte?
Aras o fez sem periciar as gravações registradas na portaria do condomínio do presidente, muito embora seja de pouca valia a perícia duvidosa de 2h25, feita a pedido do MP do Rio (que tinha uma bolsonarista declarada entre as promotoras do caso). A análise, comparável a um queijo suíço, tornou falso o depoimento do porteiro, diz o MP.
Aos de memória fraca, vale recordar. Em 9 de outubro, o governador Wilson Witzel confidencia a Bolsonaro a referência a seu nome no inquérito, relata o mito. No dia 16, ele se encontra com Dias Toffoli (STF), que se reúne com promotores do Rio 24 horas depois. No sábado (19), o presidente recebe Aras no Palácio do Alvorada. No mesmo dia, seus advogados lhe fazem uma visita.
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